São Paulo, sábado, 18 de março de 1995 |
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Soldados e manifestantes
NELSON DE SÁ
Foram "sindicalistas ligados ao PC do B", como informou o SBT. E mais, em sua maioria foram "prestadores de serviço contratados pela fundação de saúde, para matar mosquitos, que exigem a sua contratação" definitiva, agora. Mas as cenas não permitem atenuantes. Foram soldados do Exército contra manifestantes, em cenas que lembraram outros tempos. Pedras e paus de um lado, bombas de gás do outro. O carro do presidente acabou encurralado. Vaias, correria, pancadaria, feridos. E depois vem o presidente posar ao lado do ex-presidente Ernesto Geisel, emblemático, do antigo regime. Licença para matar Em São Paulo, as mortes causadas por policiais crescem em 25%, em apenas dois meses de novo governo —e o novo governo diz que o motivo é o melhor preparo: sabendo atirar melhor, matam mais. No dia seguinte, justiceiros executaram os três meninos na Grande São Paulo. No Rio, passados poucos dias da execução pública que foi realizada por um policial, à vista da TV, o novo governo avisa —"temos que confrontar a marginalidade da forma que for necessária." Foi tudo esta semana, uma semana em que a frase mais lembrada no Aqui Agora foi "caça aos bandidos", inclusive ontem. Também ontem, Gil Gomes saiu à luta, contra as críticas à polícia: — Não maculem esta farda. Não venham com acusações de quem não entende nada. Não maculem esta farda, porque dentro dela, da grande maioria, tem homem, tem caráter. Para fechar a semana, outro episódio do gênero. No Rio Grande do Sul, citou a Globo, homens encapuzados invadiram presídio e mataram um preso que teria matado um policial, um dia antes. Dezenas de meninos A Bandeirantes foi ontem ao enterro dos meninos mortos na Grande São Paulo. Segurando os caixões — e por toda parte — estavam outros meninos, com roupa de domingo: — Eles foram enterrados na periferia, acompanhados por alguns familiares e por dezenas de meninos e de meninas, que também moram nas ruas. Texto Anterior: FHC ataca dono de escola, professor e reitor Próximo Texto: Conselho planeja desenvolvimento do Rio Índice |
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