São Paulo, sábado, 18 de março de 1995
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Saia justa

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
E Nigel Mansell não coube no cockpit da McLaren. Pior, não vai correr as duas primeiras provas do campeonato, que começa na próxima semana por aqui.
O habitáculo é pequeno demais para Mansell, um piloto de 41 anos, que não tem o físico homogêneo e de dimensões compactas da nova geração de pilotos da F-1.
Em suas explicações, os assessores da McLaren disseram que o carro foi feito levando em conta as medidas de Mika Hakkinen.
Pode ser ingenuidade, mas será que eles pensaram que havia dois Hakkinens no mercado?
O próprio finlandês já revelou que teve de fazer várias adaptações no cockpit para poder suportar o suplício.
De qualquer forma, estão todos revendo suas apostas de ínicio de temporada. Lançado com estardalhaço em Londres, no mês passado, o MP4/10 ainda não mostrou a que veio.
Nos treinos de pré-temporada, Mansell mal conseguiu andar —no primeiro dia foi parar no muro. Hakkinen amargou tempos inferiores ao dos adversários.
Um resultado bem diferente ao que se esperava quando o carro veio a público no pomposo Science Museum.
Naquele momento brilhou a genial solução do francês Henri Durand, o aerofólio traseiro suplementar (um drible no regulamento), a radicalização do formato "coca-cola" na traseira do carro, o bico alto, o novo V10 da Mercedes feito pela Ilmor.
Voltando mais ainda no tempo, quando aconteceu a polêmica associação entre a fábrica alemã e a equipe inglesa, as previsões citavam a McLaren como o novo supertime da F-1.
Até mesmo uma intrincada triangulação com a Penske, nos Estados Unidos, envolvendo fonecedores e patrocinadores, foi feita.
O que aconteceu? É cedo para falar. A McLaren é o novo supertime da F-1, mas parece que as coisas, por mais que haja dinheiro disponível, precisam de um tempo para se acomodarem.
Fica evidente, no entanto, que Mansell não tem um bom ambiente na equipe. Ron Dennis não morre de amores pelo "Leão", e a recíproca é verdadeira.
Com duas corridas de desvantagem, Mansell pode quase dar adeus ao sonho do bi.
Para a equipe, porém, esperar mais um ano é plenamente viável. Ainda mais para quem poderá contar, dizem, com o melhor piloto da atualidade, Michael Schumacher. O tempo é implacável.

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