São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bicudo e TR encarecem algodão no PR

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
DO ENVIADO ESPECIAL A LONDRINA

Os produtores de algodão da região de Londrina alegam que a TR, a expansão do bicudo e a alta nos preços da mão-de-obra e dos insumos encareceram os custos de produção.
"Estou gastando nesta safra 103 arrobas (15 quilos) de algodão em caroço por hectare. No ano passado meu custo não passou de 66 arrobas", diz Geniplo Rosa de Lima, 32, que tem lavoura em Nova Santa Bárbara (PR).
A produtividade média da plantação de Lima este ano deve ficar em torno de 145 arrobas por hectare, pouco abaixo das 153 arrobas de 94.
Milton dos Santos, 39, lembra que até 1987, antes da chegada do bicudo, o custo de produção de sua lavoura ficava no máximo em 54 arrobas de algodão em caroço por hectare.
Nesta safra, ele diz que 112 arrobas por hectare serão gastas no pagamento do crédito de custeio da sua lavoura, situada em Santa Cecília do Pavão.
Como as chuvas atrasaram a colheita, a população de bicudos aumentou e seu custo de produção será acrescido em mais 12 arrobas por hectare.
"Cheguei a produzir mais de 250 arrobas por hectare, quando o bicudo não existia em nossas plantações", afirma Santos.
Este ano, Santos espera alcançar uma produtividade média de 145 arrobas por hectare.
Embora represente um declínio sobre as médias passadas, o rendimento da lavoura de Santos é bem superior às 80 arrobas estimadas para a região pela Valcoop (Cooperativa Agropecuária Vale do Tibagi).
Quanto mais bicudos na plantação, maior é o gasto com veneno.
Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em média são necessárias três aplicações de inseticida para se controlar o bicudo.
Na região de Londrina, entretanto, há produtores que já ultrapassaram a décima aplicação nesta safra.
O custo de produção também está sendo pressionado pela alta nos valores da mão-de-obra
A elevação foi provocada pelo Plano Real e a exigência da indústria por um produto de qualidade.
O bóia-fria, segundo a Valcoop, está recebendo em torno de 15% do valor da arroba do algodão em caroço, mais que os 10% pagos na safra passada.
Agora, para encontrar mercado o produtor precisa oferecer um algodão limpo. Desta forma, o bóia-fria reivindica um preço melhor para seu trabalho, pois colhe menos.
(JAG)

Texto Anterior: Clima beneficia colheita e plantio em todo o Estado
Próximo Texto: Chuvas afetam rendimento no início da safra
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.