São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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Cargos opõem políticos à tecnocracia

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O loteamento dos cargos federais de segundo e terceiro escalões esbarrou numa disputa entre as lideranças políticas no Congresso e a tecnocracia do governo.
Centenas de indicações estão engavetadas no Palácio do Planalto, enquanto o governo perde sustentação no Congresso.
Os cargos
Os políticos reclamam do preenchimento de cargos de direção no Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Historicamente ocupados por políticos, estes cargos foram preenchidos pela tecnocracia.
Os integrantes do Conselho Político do presidente Fernando Henrique Cardoso se sentem traídos. Um dos motivos da renúncia do ex-presidente nacional do PSDB, Pimenta da Veiga, foi a impotência para preencher os cargos reivindicados por parlamentares.
Nem mesmo pedidos consensuais, feitos em conjunto por bancadas de vários partidos de um mesmo Estado, estão sendo atendidos. É o caso dos pedidos feitos pelos parlamentares de Alagoas.
A bancada do PMDB do Acre (dois senadores e cinco deputados) não entende, por exemplo, por que o governo não atende os seus pedidos.
O PMDB é o único partido governista que tem parlamentares no Acre. Os outros são do PPR e do PT.
No início do governo, FHC afirmou aos presidentes de partidos e líderes de bancadas que preencheria os cargos federais após a posse dos novos deputados. Passado um mês e meio da posse, pouco mais de uma dezena de pedidos foram atendidos.
A queda de braço entre políticos e tecnocracia já resultou em retaliação de parte a parte. O líder do PMDB no Senado, Jáder Barbalho (PA), reclama do vazamento de informações sobre pedidos de políticos.
Outro integrante da cúpula do PMDB disse que ficou estarrecido ao ver publicado numa revista um diálogo que manteve com FHC. Ele acha a informação tenha sido vazada por assessores do Palácio.
Os tecnocratas mais visados são o ministro chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, e o secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge. Também estão na mira dos políticos os ministros Sérgio Motta (Comunicações) e José Serra (Planejamento).

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