São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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Prestigiado

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique "deu uma carona", como observou com ironia o TJ, ao presidente do Banco Central. Quer dizer, posou ao lado dele, no carro do presidente, todo sorrisos e todo tranquilidade. Fez mais. Disse às televisões:
— Totalmente prestigiado. É um homem competente, é um homem honrado e quem lançou este boato devia se penitenciar. O presidente Pérsio Arida tem o meu apoio total.
Acertou em quase tudo, o presidente. Menos, talvez, na expressão. "Prestigiado", na voz corrente, é um sinônimo para treinador de futebol em processo de fritura.
Imagem
Ninguém pode dizer que o Congresso Nacional não esteja se esforçando, ao menos no verbo, para mudar a imagem. Quem acabou pagando, ontem, foi Pérsio Arida.
ACM, por exemplo, falou ao Jornal da Record:
— O presidente do Banco Central tem que ter a proibição posterior de exercer cargos, porque é difícil as pessoas exercerem tais cargos e depois irem servir a iniciativa privada sem comprometer o bom nome da instituição.
Um outro senador, Roberto Requião, no TJ:
— Eu não policio as pessoas pelo comportamento pessoal. Eu não quero saber quem é a mulher do presidente do Banco Central, quem são seus amigos. O que eu quero é ter certeza da fidelidade dele ao país.
Para os outros.
Boas novas
Dois registros, apresentados respectivamente pelo Jornal Nacional e pelo SP Já, ontem à noite na Globo:
— Matadores de meninos de rua são presos em São Paulo.
— O governo vai vender o terreno da Casa de Detenção e transferir os presos.
Foram quase sussurros, perto dos fatos que os originaram —respectivamente a chacina dos três meninos em Suzano, semana passada, e o massacre dos 111 na Casa de Detenção, dois anos atrás.
Sussurros que não renderam grandes imagens, e que não causaram maiores emoções —mas não há nada melhor.

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