São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 1995
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PSDB já recua de articulador

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PSDB já não está coeso em torno da idéia de que o governo deve indicar um articulador político para negociar com o Congresso.
Apesar de o líder do partido na Câmara, José Aníbal (SP), insistir na escolha de um "nome forte" para coordenar o diálogo com o Legislativo, algumas lideranças tucanas começam a manifestar opiniões que, até o final da semana, pareciam exclusivas do PFL.
O senador Carlos Wilson (PE), terceiro secretário da Executiva Nacional do PSDB, disse que não está "tão convicto" quanto à necessidade de FHC formalizar alguém nessa função, mesmo que seja um tucano.
Na mesma linha, o senador Beni Veras (PSDB—CE), um dos interlocutores do governador Tasso Jereissati (CE) após seu último encontro com o FHC, invoca o seu "feeling" para afirmar que o governo não deve convocar ninguém para centralizar a articulação.
"Acho muito mais produtivo que essa articulação se dê informalmente, através de ministros e de parlamentares afinados com o pensamento do presidente", justifica Carlos Wilson. Beni Veras concorda e admite que é isso que vai acabar acontecendo.
Até o final da semana, toda a cúpula do PSDB mantinha fechada a posição de que o governo precisa nomear um articulador político —e o nome, obrigatoriamente, deveria surgir do próprio partido.
No lado oposto estava o PFL, que, temeroso de perder espaço para o PSDB e interessado em fortalecer ainda mais a atividade do vice-presidente Marco Maciel como articulador informal, passou a alardear que a questão da articulação política já estava superada.
A quebra da unidade dos tucanos, ao que tudo indica, reflete a percepção dos parlamentares de que, sem um articulador formal, a bancada poderá exercer sua influência de forma mais direta sobre o presidente da República e ter seus movimentos e concessões mais valorizados pelo Palácio.
É um sinal de que os ministros de FHC que já fazem articulação à sombra e sem dificuldades, como é o caso do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, não estão interessados em dividir seu poder com um negociador formal.

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