São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 1995
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Polícia invade prédios de seita suspeita

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Numa operação que envolveu mais de 3.000 homens, a polícia japonesa invadiu hoje quatro sedes da seita Aum Shinrikyo (Ensinamento da Verdade).
A seita é suspeita de ter cometido anteontem o atentado com gás venenoso no metrô de Tóquio que deixou 8 mortos e lotou 105 hospitais da cidade com mais de 5.000 pessoas intoxicadas.
A Aum Shinrikyo divulgou um comunicado em que nega qualquer envolvimento com o ato terrorista e acusa o governo japonês de ter organizado o atentado apenas para incriminar a seita.
Nenhum grupo assumiu responsabilidade pelo ataque.
Segundo a polícia, a invasão dos quatro complexos do grupo religioso não tinha nenhuma relação com o ataque, mas com o sequestro de Kiyoshi Kariya, 69, ocorrido em 28 de fevereiro.
Dois dos locais invadidos ficam em Tóquio; o terceiro é na aldeia de Kamiku-Isshiki, a oeste da capital, e o último é a principal sede da Aum Shinrikyo, em Fujinomiya, no sopé do monte Fuji.
Em julho do ano passado, depois de outro incidente envolvendo sarin, denunciado por moradores, policiais encontraram vestígios do gás em Kamiku-Isshiki.
A seita Aum Shinrikiyo tem cerca de 10 mil seguidores no Japão e filiais em Nova York e Moscou. O grupo foi formado em 1987 por Shoko Asahara, que afirma poder levitar e ficar horas meditando debaixo d'água.
A cerimônia de iniciação inclui uma prova de devoção a Asahara que o neófito deve beber algumas gotas do sangue do guru —frequentemente retratado com alguém beijando seu pé.
Uma de suas teses é de que o mundo vai acabar em 1997.
Ela se tornou conhecida em 1990, quando lançou 25 candidatos à eleição parlamentar japonesa. Nenhum deles se elegeu.
O reforço na segurança dos metrôs se repetiu em várias partes do mundo. Em Seul (Coréia do Sul), a administração do metrô passou a pedir aos passageiros que denunciem grupos suspeitos.
Em Washington, o deputado Glen Browder disse que é apenas "uma questão de tempo" para os Estados Unidos sofrerem um ataque semelhante ao de Tóquio.
Especialista em guerra química, ele disse que um estudo de 1993 aponta a possibilidade do uso dessas armas em ataques terroristas.
"Os EUA devem fortalecer o planejamento para responder a um possível uso terrorista de armas químicas e biológicas."

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