São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Secretário recua e solta sindicalista da CUT

PAULO PEIXOTO; HELCIO ZOLINI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A cúpula da Polícia Civil de Minas Gerais, depois de acusar e prender o sindicalista da CUT-MG Austen Harmendani Mudado, 30, como responsável pela explosão da bomba na sede da OAB, anteontem, voltou atrás na madrugada de ontem e decidiu liberá-lo.
A ação da polícia ao acusar o tesoureiro da CUT foi amplamente contestada pelas entidades sindicais mineiras.
Até as 19h20 de ontem, nem o governador Eduardo Azeredo (PSDB) nem o seu secretário de governo, Amilcar Martins —que convocou coletiva na noite da prisão do sindicalista para anunciar o feito policial—, se pronunciaram.
Azeredo viajou logo pela manhã para Brasília e depois seguiu para Uberaba, no Triângulo Mineiro. Martins, segundo a assessoria de imprensa, também viajou.
A prisão de Mudado foi acompanhada pessoalmente pelo secretário da Segurança Pública de Minas, Santos Moreira. "Desta vez existem provas. Estamos com o autor detido", anunciou ele aos jornalistas ainda na sede da OAB.
A determinação de não lavrar o flagrante, no entanto, partiu do próprio secretário, conforme admitiu aos sindicalistas que se reuniram com ele no início da tarde e à noite, durante a entrevista
"Ao saber que o estado de flagrância não estava muito bem caracterizado e por se tratar de um crime hediondo, determinei que os autos fossem transformados em inquérito comum", disse Moreira.
Ele nega que a polícia tenha errado ao prender o sindicalista e disse que não renunciará ao cargo.
Moreira disse que a polícia atua em "sete linhas de investigação" (que não quis revelar).
Uma destas linhas, segundo apurou a Agência Folha, é a de que policiais civis podem estar por trás das seis bombas que explodiram desde 4 de fevereiro.
As bombas explodiram no cine Nazaré/Liberdade, na casa de um coronel reformado da PM, na sede do Sindicato dos Jornalistas, na portaria do jornal "Estado de Minas", no Fórum Milton Campos e na sede da OAB.

Polícia Federal
A PF assumiu ontem as investigações sobre o atentado à OAB por se tratar de uma autarquia federal.
A assessoria de imprensa da Polícia Federal disse que o tesoureiro da CUT e as três testemunhas poderão ser convocados a depor ainda esta semana. A Polícia Civil vai acompanhar esta investigação.
No final de tarde de ontem, o sindicalista da CUT recebeu o alvará de soltura. Ele agora figura no processo como suspeito.

Texto Anterior: STF manda quebrar sigilo de João Alves
Próximo Texto: Sindicalistas criticam governo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.