São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995
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Manifestantes tomam Brasília e vão a FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Esplanada dos Ministérios foi palco ontem da maior manifestação popular realizada até hoje contra a reforma da Constituição.
O presidente Fernando Henrique e o ministro da Previdência, Reinold Stephanes, foram os mais criticados pelos manifestantes, organizados pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Central de Movimentos Populares.
Os manifestantes saíram em passeata pela Esplanada dos Ministérios, reunindo de 8 mil a 10 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, e 20 mil, segundo os organizadores.
A passeata culminou, às 11h35, em uma concentração em frente ao Palácio do Planalto, isolado por um cordão de policiais. Os manifestantes vaiaram FHC.
Ao final, um grupo de representantes da Central de Movimentos Populares entregou a FHC, em audiência no Planalto, um documento com propostas para a reforma (a maioria pela manutenção dos monopólios) recolhidas em seminários por todo o país.
No documento, o movimento pede ainda mais programas de habitação popular, mais verbas para saúde, educação e saneamento, geração de empregos e medidas concretas de combate à violência e à corrupção.
Estiveram com FHC os presidentes do Movimento Nacional de Direitos Humanos, do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, do Movimento Popular da Saúde, do Movimento Nacinal de Luta pela Moradia, do Movimento de Portadores de Deficiências, da União dos Movimentos da Moradia e da Central de Movimentos Populares do DF.

Stephanes
Stephanes irritou-se com a acusação feita pelos manifestantes de que prega a aposentadoria aos 35 anos, tendo se aposentado com 22 anos de serviço como secretário municipal de Curitiba.
"Eu me aposentei com 34 anos e seis meses de serviço. O resto que possam falar sobre isso é mentira", disse Stephanes. Segundo ele, a imprensa ajuda a espalhar "estas mentiras".
Os organizadores do protesto distribuíram panfletos intitulados "Na República do Nhenhenhém" para divulgar a aposentadoria do ministro. Também vaiaram Stephanes ao passar em frente ao prédio do ministério da Previdência.
A PM designou 300 homens para a segurança na Esplanada.
Muitos funcionários do Planalto saíram às janelas para ver a manifestação. Não houve tumultos. O único incidente envolveu a servente Maria Flora da Costa, 60, que escorregou no gramado do Congresso e quebrou o braço.
A maior parte dos manifestantes era de funcionários do Governo do Distrito Federal e da rede pública de educação, que faltaram ao trabalho pela manhã.
À tarde, concentração em frente ao Congresso contou com a presença do presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, além de alguns deputados do PT e PC do B.

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