São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995 |
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Governo do DF financia protesto anti-FHC
CYNARA MENEZES; GABRIELA WOLTHERS
A maior parte dos alimentos foi entregue pelo Sesi (Serviço Social da Indústria). A entidade informou que a compra foi realizada pela Secretaria Especial de Participação Popular e Inclusão Social do GDF. O GDF cedeu também toda a infra-estrutura para os manifestantes na capital, incluindo estadia, funcionários de apoio e até solda dos da PM para servir o café da manhã aos manifestantes. Acomodação A acomodação dos cerca de 5.000 manifestantes que vieram de 20 Estados —os restantes moram em Brasília— foi feita de graça no Pavilhão de Feiras e Exposições do Parque da Cidade. Um dia de aluguel do pavilhão, que tem uma área total de 37,9 mil metros quadrados, custa R$ 9.064,16. O GDF instalou no local dez banheiros, normalmente utilizados para o público no Carnaval e no desfile de Sete de Setembro. O protesto O protesto foi organizado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), por sindicatos de funcioná rios públicos e pela Central de Movimentos Populares. Também participaram do ato políticos do PT, PC do B e PSTU. A maioria dos manifestantes de outros Estados pertence à Central de Movimento Populares, que tem o apoio da CUT e reúne entidades representativas de movimentos sociais, como sem-teto, sem-terra, deficientes, aposentados etc. Caravanas Os primeiros ônibus —de um total de 106— começaram a chegar na tarde de terça-feira. Segundo o secretário especial de Participação Popular e Inclusão Social do DF, Euripedes Camargo, sua secretaria comprou 7.000 marmitas do Sesi (Serviço Nacional da Indústria) ao preço de R$ 2,60 a unidade —totalizando R$ 18,2 mil. O GDF também foi o responsável pelo café da manhã oferecido ontem. A Folha estava no local. Foram distribuídos 8.000 pães, mil litros de leite, 50 quilos de manteiga, cem potes de 100 gramas de café solúvel e 70 quilos de açúcar. Custo Segundo levantamento feito pela reportagem, o custo total do café da manhã chegou a R$ 1.805,00. Parte da conta foi paga pela Polícia Militar do DF —que é financiada com verba do Orçamento da União. O chefe do Estado Maior da PM, coronel Jair Tedeschi, diz que a PM doou "apenas" 50 quilos de açúcar e 40 frascos de café. Ele afirmou que a PM cedeu também dez policiais para auxiliar no atendimento aos manifestantes durante as refeições, duas "cozinhas de campanha", utilizadas para ferver o leite, e uma camionete C-10, para transporte do material. Segundo ele, o pedido partiu do gabinete da vice-governadora do DF, Arlete Sampaio. "Não serão esses alimentos que farão falta à corporação", disse o coronel ao ser questionado pela Folha. Tedeschi considera que a PM melhora sua imagem ao ajudar movimentos populares. Retribuição Os manifestantes retribuíram a cortesia da PM. Durante o ato na Esplanada dos Ministérios, eles cantaram uma música de apoio ao policiais militares. "Os policiais vieram para nos ajudar/ Pois eles também morrem de fome e têm filhos para criar", dizia o refrão. O assessor de Ação Comunitária da vice-governadora, Jorge dos Santos Barbosa, passou toda a ma nhã no pavilhão auxiliando na organização. Uma kombi do governo do Distrito Federal, placas JFO-7366, estava estacionada na frente do local. Na porta do veículo, a inscrição: "Governo do Distrito Federal — Uso Exclusivo em Serviço". Prefeituras Não foi somente o governo do DF que deu auxílio para a infra-estrutura do evento. As prefeituras de Betim (MG) e Diadema (SP), também administradas pelo PT, cederam ônibus para a viagem dos manifestantes. Texto Anterior: Andrade Vieira anuncia pacote Próximo Texto: Tribunal encontra licitações irregulares Índice |
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