São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995 |
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Covas muda e decide vender elétricas
EMANUEL NERI
O plano prevê a privatização das estatais Cesp (Companhia Energética de São Paulo), Eletropaulo e CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz). Durante a campanha eleitoral, Covas se manifestava contrariamente à venda dessas empresas. Após sua vitória, disse que privatizaria apenas a CPFL. As outras duas empresas do setor continuariam com o Estado. A venda das ações deve ser iniciada dentro de dois anos. O patrimônio dessas empresas é avaliado em R$ 15,8 bilhões. O dinheiro arrecadado com a venda servirá para cobrir dívidas do Estado, entre elas a do Banespa. Antes da venda de ações das elétricas, as empresas sofrerão uma série de alterações. O plano é complexo. Em sua primeira etapa, haverá uma separação contábil das atividades de cada empresa. O desmembramento patrimonial prevê a criação de subsidiárias para cuidar de áreas específicas do setor elétrico. As empresas serão divididas nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia. Nessa fase, por exemplo, haverá a Cesp-Geração, Cesp-Transmissão e Cesp-Distribuição. O mesmo ocorrerá com a Eletropaulo. Sem contar com linhas de transmissão, a CPFL terá segmentos apenas nas áreas de geração e distribuição. Numa segunda etapa, haverá a fusão das subsidiárias das áreas de transmissão. No caso de geração, as empresas serão reagrupadas através de conjuntos de usinas e de bacias hidrográficas. A área de distribuição será formada por empresas de pequeno porte que atenderão a conjuntos homogêneos de municípios ou regiões de São Paulo. Na terceira etapa, haverá a abertura dessas empresas ao capital privado. O governo não teme a perda do controle acionário das empresas. O plano prevê mecanismos para manter o controle da política energética nas mãos do Estado. Um desses mecanismos é a criação da Comissão de Serviços Públicos de Energia. O órgão ficará responsável por estabelecer regras e garantir seu cumprimento pelos novos acionistas. Um segundo mecanismo de controle é o chamado "Golden Share". Trata-se de um sistema que dá direitos ao Estado de cobrar dos futuros proprietários das empresas a garantia de um atendimento adequado à população. Covas pretende submeter seu plano de reestruturação das empresas elétricas a um amplo debate com partidos políticos e sindicatos. Muitas das medidas terão que ser aprovadas pela Assembléia Legislativa. Para o secretário de Energia, David Zylbersztajn, a divisão das energéticas em empresas menores criará estruturas mais "ágeis e enxutas", mais valorizadas e mais fáceis de serem vendidas. Texto Anterior: Justiça retém aviões para pagar Banespa Próximo Texto: SP quer pólo tecnológico Índice |
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