São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995
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'Ela não tinha nada a ver com isso'

DA REPORTAGEM LOCAL

A.B.S., 17, filha de Maria Nazareth Brito de Souza, disse ontem que ela e mais cinco irmãos traficavam as drogas havia pelo menos dois anos, mas nega a participação da mãe.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Folha - Como vocês foram pegos pela polícia?
A.B.S. - Eles apareceram e levaram minha mãe. Ela não tinha nada a ver com isso. Eu e meus irmãos nos entregamos, mas eles disseram que teriam que levar alguém maior de idade. Meu irmão de 21 anos tinha saído. Ele mora em um hotel porque tinha medo que a polícia o pegasse aqui. Eles levavam 27 pedras de crack, 18 saquinhos de cocaína e uns 200,00.
Folha - Há quanto tempo vocês vendiam drogas?
A.B.S. - Vendíamos havia pelo menos dois anos. Começamos depois que meu pai morreu. A gente estava numa situação muito difícil e meu irmão mais velho começou. Aí, nós vimos que ganhava dinheiro fácil e entramos.
Folha - Vocês também usavam drogas?
A.B.S. - Não, nenhum dos meus irmãos usava.
Folha - Alguém na sua casa trabalha?
A.B.S. - Eu estava trabalhando como faxineira, ganhava R$ 128, mas pedi a conta. Andava muito cansada, trabalhava nos feriados. Minha mãe ganha R$ 70,00 de pensão. Meus irmãos pararam de trabalhar depois que mudamos do Parque Vila Madalena (zona leste) para a Mooca há dois anos. Acho que foram as más companhias.
Folha - Sua mãe sempre soube e nunca pediu para parar?
A.B.S. - Ela sempre falava que isso não era vida para ninguém. A gente só ia vender mais essa semana e depois parar.

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