São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995
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Aumenta insolvência na Argentina

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

As operações de crédito no sistema bancário argentino foram paralisadas ontem por causa de decisão do Banco Central de não cobrir mais cheques administrativos de instituições que não tenham saldo disponível na câmara de compensação de cheques.
Até quarta, o Banco Central cobria automaticamente cheques administrativos de instituições que não tinham recursos na conta que cada uma tem junto ao BC.
Esta medida, adotada mediante circular do Banco Central, tumultuou o mercado financeiro porque indica que está aumentando a insolvência (incapacidade de pagar os compromissos em dia) do sistema bancário argentino.
O mercado estima que 40 bancos, do total de 200 que existem no país, estão insolventes.
Na prática, a circular do Banco Central afetou desde empresas a correntistas comuns, porque o mercado deixou de aceitar cheques comuns de bancos sob suspeita.
Bancos de primeira linha também recusaram ontem cheques administrativos de instituições em dificuldades financeiras.
Ontem, a Bolsa de Valores de Buenos Aires começou operando com alta de 3% e fechou com queda de 0,89%, devido ao nervosismo que tomou conta do mercado.

Bônus
O presidente Carlos Menem e o ministro da Economia, Domingo Cavallo, participaram ontem de solenidade na qual mais de 30 empresas e bancos argentinos adquiriram US$ 1,1 bilhão em bônus do Tesouro como "empréstimo patriótico".
Os bônus têm prazo de três anos e poderão ser usados no pagamento de impostos. O Citibank coordena o lançamento dos papéis no exterior. Os bancos comerciais devem comprar mais US$ 1 bilhão.
Os bônus integram o pacote de US$ 6,7 bilhões em empréstimos obtidos por Cavallo junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional), Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento e bancos comerciais para socorrer o sistema financeiro.
Além disso, Cavallo negocia junto ao Departamento do Tesouro dos EUA um empréstimo-ponte (emergencial) de cerca de US$ 1,7 bilhão. O objetivo é antecipar ao máximo o desembolso de recursos externos, para injetar mais dinheiro no sistema bancário.
Ontem à noite, o ministro Cavallo anunciou a concessão de empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina pelo Banco da Basiléia (Suíça).

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