São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 1995
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Simon cita papa e obtém assinaturas para CPI

DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) conseguiu ontem o número mínimo de assinaturas para constituir a CPI das Empreiteiras, que será instalada no Senado assim que os líderes dos partidos indicarem seus representantes.
Simon citou até o papa João Paulo 2º para justificar a criação da CPI. Em discurso na tribuna, Simon disse que o papa assinaria seu requerimento "se fosse senador e brasileiro".
A seguir, exibiu textos de jornais em que João Paulo 2º sugere uma Operação Mãos Limpas no Brasil.
A Operação Mãos Limpas foi uma iniciativa da Justiça italiana, que investigou o envolvimento de políticos e empresários em casos de corrupção.
Com uma manobra em plenário, Simon praticamente obrigou o líder do PMDB, Jáder Barbalho (PA), a assinar o pedido de abertura da CPI.
Há duas semanas, diante das dificuldades para abrir uma CPI mista (com a participação de deputados e senadores), Jáder aconselhou Simon a restringir a comissão ao Senado.
Simon aceitou o desafio e passou a recolher assinaturas. Jáder, porém, recuou e passou a criticar a CPI. Ontem, o senador gaúcho foi à tribuna e disse que estava reservando a 27ª assinatura —a última que faltava— para o líder de seu partido.
Jáder, a contragosto, assinou o documento. Mas anunciou sua vingança: disse que indicará o próprio Simon para ser o relator da CPI —cargo que este reluta em ocupar.
A CPI foi rejeitada na Câmara por pressões do PMDB, PSDB e PFL. Os líderes dos partidos governistas argumentaram que as investigações poderiam atrapalhar as reformas na Constituição. "Propus que a CPI fosse adiada, mas nem assim aceitaram", disse Simon. (Daniel Bramatti)

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