São Paulo, sábado, 25 de março de 1995
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Primeiro caso de Aids pode ser resultado de fraude científica

DO "THE INDEPENDENT"

O primeiro caso conhecido de Aids —um homem da cidade britânica de Manchester que morreu em 1959— pode ser falso.
A novidade traz implicações sobre a origem da doença, já que não se saberia a procedência do HIV e de como a epidemia de Aids teria começado.
Cientistas do Centro de Pesquisa de Aids Aaron Diamond, da Universidade de Nova York (EUA), responsáveis pela revelação, acreditam que os tecidos usados na identificação do caso seriam de alguém que morreu de Aids por volta de 1990.
O homem de 1959 —que ficou conhecido como "paciente zero"— chamava-se David Carr e tinha 25 anos na época.
Carr servia a Marinha Real Britânica até que foi acometido por uma doença misteriosa, que acabou matando-o.
As amostras estavam guardadas em Manchester há 30 anos. Em 1990, cientistas da Universidade de Manchester investigaram o caso e publicaram um artigo na revista médica "The Lancet".
Desde a publicação, Carr tem sido considerado o "caso zero" de Aids.
Os pesquisadores do centro norte-americano falharam repetidamente na tentativa de identificar o HIV nelas.
Quando eles reanalisaram o DNA processado pelos cientistas de Manchester, o único tipo de HIV que puderam encontrar foi uma variação do vírus comum no próprio ano de 1990.
David Ho, diretor do Aaaron Diamond, não acredita na possibilidade de que esse tipo de HIV poderia existir desde 1959, pois o vírus se altera rapidamente devido a mutações.
Para o cientista, as amostras de 1959 e as usadas na pesquisa publicada na "Lancet" não provêm da mesma pessoa.
Apesar de também ter encontrado o HIV nos exemplos apresentados pela Universidade de Manchester, Ho ficou desconfiado na época por causa da "assinatura" genética do vírus.
Ele foi avisado por Gerald Myers, do Banco de Dados de Sequências de HIV do Laboratório de Los Alamos (EUA), que aquele vírus era indubitavelmente de uma variedade predominante em 1990.
Duas possibilidades foram levantadas para a origem do problema. Ou as amostras do tecido do homem foram acidentalmente confundidas com outras na Universidade de Manchester —o que parece pouco provável—, ou foram deliberadamente trocadas.

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