São Paulo, sábado, 25 de março de 1995
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Cavallo diz ao FMI que não muda o câmbio

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

Cavallo diz ao FMI que não muda o câmbio
O ministro da Economia, Domingo Cavallo, comprometeu-se com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a não desvalorizar o peso argentino frente ao dólar, conservando a paridade de um peso vale um dólar, em vigor desde 1º de abril de 91.
O acordo com o FMI foi aprovado ontem e a carta de intenção com o organismo foi divulgada pelo Ministério da Economia. Cavallo também assegura ao FMI que adotará todas as medidas necessárias para que não haja déficit nas contas públicas em 95.
A carta de intenção é um documento enviado pelo governo argentino ao FMI com as medidas de política econômica a serem implementadas para ajustar a economia até dezembro de 95. Este documento equivale a uma espécie de endosso aos credores externos para avaliar as condições futuras para o pagamento da dívida externa.
O acordo com o FMI permitirá o acesso a empréstimos de US$ 7 bilhões -US$ 2,4 bilhões do Fundo, US$ 1,3 bilhão do Banco Mundial, US$ 1,3 do Banco Interamericano de Desenvolvimento, US$ 1 bilhão dos bancos privados internacionais e US$ 1,1 de empresários e banqueiros argentinos.
Na primeira semana de abril, informou Cavallo, o FMI desembolsará US$ 1,6 bilhão. O anúncio da aprovação do acordo pela diretoria do Fundo coincidiu com a visita do secretário de Comércio norte-americano, Robert Brown, a Buenos Aires.
Na prática, Brown deu uma demonstração de apoio do presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, ao colega argentino Carlos Menem. Depois de encontro com Menem, Brown disse que "a Argentina conta com o interesse de empresas e investidores americanos".
O ministro precisa com urgência da liberação dos empréstimos internacionais para criar um fundo especial de US$ 4 bilhões para capitalização do sistema bancário.
Cavallo abriu ontem reunião do Ceal (Conselho Empresarial da América Latina). De olho na platéia de 100 empresários brasileiros, uruguaios e argentinos, ele não esqueceu que Menem está em campanha eleitoral.
"As pessoas estão mais preparadas hoje para votar em nós ao nos ver como bons pilotos de crise", disse Cavallo.
Bancos
Mais um banco argentino suspendeu as atividades ontem por falta de recursos para pagar os compromissos em dia. O banco Dorrego, em Córdoba, suspendeu suas atividades por 30 dias.
O Banco Central argentino foi obrigado a mudar as regras de compensação de cheques administrativos de bancos para evitar transtornos no mercado financeiro.
Desde a última terça-feira, o Banco Central suspendeu a compensação de cheques administrativos de bancos que não tinham saldo suficiente na conta que mantêm junto ao BC.
Isto paralisou o sistema de crédito. Bancos de primeira linha deixaram de receber cheques de cerca de 60 bancos que estão com problemas de solvência (capacidade de realizar pagamentos em dia).
A decisão do BC irritou Cavallo pelo tumulto que provocou numa mercado financeiro já nervoso pela falta de liquidez na rede bancária.
A partir de segunda-feira, o BC adotará um compensação de cheques administrativos em 48h e não mais em 24h. Isto dará prazo suficiente para que bancos possam cobrir déficits na conta junto ao BC.

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