São Paulo, sábado, 25 de março de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Gerald Thomas repensa mitos americanos
JAIR RATTNER
Serão três montagens. Na Dinamarca, sobre os índios; na Alemanha, uma ópera a respeito do velho oeste; e no Brasil, uma peça sobre os quadrinhos. A primeira das três montagens será com o grupo dinamarquês Dr. Dante Aveny. Segundo Thomas, a companhia é considerada a mais vanguardista e a melhor do país. "É a primeira vez que vou trabalhar com um grupo sem misturas. Todos os atores são loiros e de olhos azuis", disse Thomas. Até agora, mesmo em companhias alemãs, ele trabalhou com grupos que reuniam eslavos, romenos e japoneses. Apenas em Lisboa, onde está apresentando a Trilogia da B.E.S.T.A., Thomas começou a definir o título da peça. Deve chamar-se "Inquisition" (Inquisição) ou "Inquisition of the Self" (A Inquisição de Si Próprio). A estréia já está marcada para o dia 19 de janeiro do ano que vem. A estrutura da peça ainda não está definida. "Todos os dias penso em alguma coisa nova", disse Thomas. Inicialmente, o projeto deveria tratar do tema da discriminação e Thomas tinha pensado em dois títulos: "Williamsburg" -um bairro de Nova York onde grande parte da população é de judeus ortodoxos- ou "47th Street", a rua de Manhattan em que a maioria das lojas são de judeus. Mas na última quinta-feira ele acabou se decidindo pelo novo título. Ensaio no Brasil Em abril, Thomas começa a ensaiar no Brasil a peça sobre caubóis e super-heróis. Participarão da montagem três atores com quem Thomas está trabalhando na Trilogia da B.E.S.T.A.: Luís Damasceno, Ludoval Campos e Milena. O diretor ainda não tem um título definido para a peça. Ele nem sabe qual a data mais provável de estréia: "Quando ficar pronta, fica", afirmou. Sobre o faroeste, Thomas vai montar uma ópera que será apresentada em Weimar, na Alemanha, em setembro de 1996, com a companhia estatal Dresden Leipzig Weimar Staatschauspiele. "O título provisório é 'Western Union' e será sobre a saga de Jesse James e os justiceiros no velho oeste", afirmou. Com "Western Union", Thomas vai trabalhar novamente com o compositor minimalista norte-americano Philip Glass (leia texto abaixo). O objetivo de Thomas é entrar num campo que, segundo ele, ainda não foi explorado. "Até hoje, nunca se viram os grandes mitos norte-americanos transformados em óperas", disse. Depois de estrear na Alemanha, a representação deverá será levada ao Lincoln Center, em Nova York. Metodologia Para ensaiar todas as peças que está montando, Thomas adotou a metodologia de trabalho criada pelo diretor norte-americano Bob Wilson. Ele passa de dez a vinte dias ensaiando com um grupo. Em seguida, viaja por dois meses -quando fica trabalhando com outros grupos- e só depois retorna. "Em vez de ficar dois meses fechado com um mesmo grupo num lugar, eu tenho tempo e me distancio, o que dá para ter novas ideias", afirmou. Antes de viajar para Lisboa, Thomas esteve em Cracóvia, para onde volta no dia 23 de abril. Texto Anterior: Búlgaro usa pedreira no cenário de 'Aida' Próximo Texto: 'Henrique 6º' traz Shakespeare pacifista Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |