São Paulo, sábado, 25 de março de 1995
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Argentina divulga lista de desaparecidos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo argentino decidiu divulgar nos próximos dias uma lista com mil nomes de desaparecidos —pessoas sequestradas e supostamente mortas durante a ditadura militar (1976-1983).
Segundo o ministro Carlos Corach (Interior), os nomes dessa lista não estão no informe da Conadep —comissão que investigou os desaparecidos após a ditadura.
A Conadep concluiu em 1984 que 8.961 pessoas morreram durante a ditadura. Defensores dos direitos humanos estimam em 30.000 o número de mortos.
A nova lista conta com 500 nomes que foram checados e outros 500 que estão em processo de verificação, disse Corach.
A pressão para novas investigações sobre os desaparecidos aumentou nos últimos dias depois que militares reformados revelaram detalhes sobre a repressão.
Um deles, o capitão-de-corveta Adolfo Scilingo, disse que entre 1.500 e 2.000 presos políticos detidos na Esma (Escola de Mecânica da Armada) foram lançados vivos de um avião sobre o mar.
Ontem pela manhã, o presidente Carlos Menem responsabilizou infiltrados pelos choques entre a polícia e a organização Mães da Praça de Maio anteontem.
A organização, formada por mães dos desaparecidos durante a ditadura, havia organizado uma manifestação diante da Esma para exigir a lista dos assassinos, não dos desaparecidos.
No choque que se seguiu, três pessoas foram feridas e uma, presa. O detido foi identificado pela polícia como Diego Alvaro Codesal, cidadão uruguaio já processado por embriaguez e vandalismo.
Ontem, 200 militantes de grupos de defesa dos direitos humanos se concentraram diante da Esma. A manifestação marca o 19º aniversário do golpe militar.
Venda de armas
Deputados da oposicionista União Cívica Radical pediram a renúncia do ministro Oscar Camilión (Defesa), por suposta vinculação com venda de armas argentinas ao Equador durante a guerra deste com o Peru, iniciada no final de janeiro na zona de fronteira entre os dois países.
Cerca de 75 toneladas de canhões, fuzis, munições e explosivos de uma industria militar estatal foram exportadas em fevereiro —oficialmente para a Venezuela, mas acabaram no Equador.

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