São Paulo, sábado, 25 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Curdos acusam Turquia de atacar civis

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Curdos do Iraque afirmaram ontem que a Turquia bombardeou aldeias nas montanhas ao norte do país tendo civis como alvo.
O governo de Ancara invadiu com pelo menos 35 mil soldados uma faixa de 40 km na fronteira com o Iraque para atacar separatistas curdos. Segundo os curdos, o número de soldados é superior a 75 mil.
A União Européia condenou a invasão. Os EUA afirmaram que devem monitorar a incursão diariamente para vigiar a promessa turca de garantir direitos humanos.
Seis casas na aldeia de Dergele (100 km a leste da cidade fronteiriça de Zakho) foram atingidas. Três aviões lançaram bombas, disse Jalal Fund, 40, morador de Dergele. As aldeias vizinhas de Besili e Gulka também foram atingidas.
O porta-voz do Estado Maior turco, Dogu Silahcioglu, negou os bombardeios às aldeias. Definititivamente não houve nada disso, afirmou.
Militares turcos insistiram que não houve vítimas civis em cinco dias de operação por terra e ar no norte do Iraque.
Segundo eles, os ataques turcos se restringem aos guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Eles disseram que houve 161 guerrilheiros mortos, contra 14 curdos. Um porta-voz do PKK em Bruxelas afirmou que apenas 13 guerrilheiros morreram, contra 178 soldados turcos.
Segundo a Turquia, os guerrilheiros usam bases no norte do Iraque para bombardear território turco.
A primeira-ministra da Turquia, Tansu Çiller, afirmou ter dado ordens rígidas para que civis fossem poupados. Mas outras declarações da premiê davam a entender que a Turquia quer impor sua autoridade no norte do Iraque.
Ela disse à BBC que o objetivo da invasão é preencher o vazio de autoridade na região.
O Iraque não pode manter atividades militares no norte do país, desde a Guerra do Golfo, em 1991.
A União Européia tem de nos ajudar a manter fronteiras seguras, disse a premiê. Mas a UE pediu que a Turquia interrompa os ataques e exigiu uma solução pacífica para o conflito.
O governo alemão advertiu a Turquia de que o país não pode usar armas alemãs em sua ofensiva no Curdistão. Convenções internacionais só permitem à Alemanha vender armas para que países se defendam.
Após as exigências da UE para que a Turquia interrompesse a ação, o secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, afirmou que vai avaliar a situação numa base diária.

Texto Anterior: França vê 'vingança' dos EUA em escândalo
Próximo Texto: Líder sérvio ameaça lançar contra-ofensiva
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.