São Paulo, domingo, 26 de março de 1995
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Professor mantém idéia da avaliação alternativa

FERNANDA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Embora todas as escolas hoje assumam os currículos ditados pelos órgãos oficiais como seus e não os negligenciem, muitas ainda procuram maneiras "alternativas" de avaliação.
A maioria das escolas dá provas a seus alunos apenas para que eles se preparem para essa realidade que terão de enfrentar.
A prova, tal como é vista pelo ensino tradicional, e sobretudo o vestibular, estão longe de ser considerados instrumentos satisfatórios de avaliação.
As escolas procuram, em sua maioria, diversificar as maneiras de avaliar os alunos. Seminários, trabalhos, auto-avaliação, tudo é levado em conta para que o resultado da prova deixe de ser o único objetivo a ser alcançado.
Na Ágora, por exemplo, as notas e as provas não fazem parte dos primeiros anos de escola. Segundo a educadora e proprietária da escola, Teresinha de Almeida, nesse período professor e aluno não podem se ver como inimigos.
"Nos primeiros anos, tem que se estar interessado em formar o pequeno historiador, o pequeno cientista, o pequeno filólogo, o pequeno matemático. Para essa formação, você tem que trabalhar muito junto. A avaliação formal, da nota pura e simples, para mim, cria trincheiras entre as pessoas."
Já no ginásio, segundo Teresinha, os alunos começam eles mesmos a falar em provas. "Aí a gente usa avaliações mais formais, com notas e tudo, como instrumento de reflexão para o aluno."
No Colégio Oswald de Andrade, as provas representam apenas 50% da nota bimestral do aluno. Os outros 50% vêm de trabalhos que podem ser desde um seminário a uma pesquisa na rua.
"Na prova, a gente não disfarça não, faz o teatro todo: mistura duas turmas, material na frente da classe... É a hora do branco mesmo. O aluno vai fazer muitas provas na sua vida escolar para superar essa coisa do 'deu branco"', diz o diretor Ricardo Mesquita.
"Tem o lugar do indivíduo nessa avaliação? Tem na hora que eu vario os instrumentos e o aluno pode compensar uma coisa com a outra e ter calma para melhorar naquilo que é mais fraco. Mas tem também o coletivo, com a prova, que é uma coisa que está para além da escola, que é uma demanda social", diz Mesquita.
Para a Escola da Vila, a avaliação tem sido objeto de estudo dos últimos dois anos. "Estamos num momento de redefinição dos instrumentos de avaliação. A gente está mapeando os pontos para se ter uma avaliação mais precisa. Já sabemos que é preciso individualizá-la, diversificá-la e vê-la como um processo contínuo", diz a coordenadora pedagógica Zélia Cavalcanti.
(FS)

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