São Paulo, domingo, 26 de março de 1995 |
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'Sanidade' do boxe desafia o livre Tyson
NIGEL COLLINS; JOHN CARLIN
Um "cara legal" ou não, com certeza encontrará uma verdadeira "mina de ouro". Em março de 92, quando Tyson, condenado por estupro, iniciou a jornada de 1.095 dias na prisão (encerrada ontem), sua carreira parecia estar em declínio. A "fúria animal" que o tornara o mais famoso peso-pesado desde Muhammad Ali já tinha perdido sua intensidade. Nos três anos em que ele ficou encarcerado no Indiana Youth Center, vários pesados revezaram-se no topo, como Evander Holyfield, Riddick Bowe, Michael Moorer, Lennox Lewis... O cinturão do CMB (Conselho Mundial de Boxe), que acabou sendo jogado no lixo, hoje está nas mãos de Oliver McCall, antigo sparring de Tyson. O da FIB (Federação Internacional de Boxe) está com o veterano George Foreman. O da AMB (Associação Mundial de Boxe), vago, será decidido entre Tony Tucker e Bruce Seldon. Quem poderia juntar todos os cacos e restaurar um aspecto de sanidade ao mundo do boxe? Tyson. Ele já o fez anteriormente, em 87. Quando foi condenado, a única grande luta no horizonte era contra Holyfield. Seus projetos, agora, são praticamente ilimitados. Podemos contar os caminhos que Tyson tem para reconstruir sua conta bancária. O primeiro e mais importante chama-se George Foreman. Empresários estimam que o confronto Tyson/Foreman pode atingir a casa dos US$ 100 milhões só nas bolsas que serão pagas aos lutadores. "Eu adoraria lutar contra Tyson", afirmou Foreman. "Mostraria que idade não é barreira." A luta para enfrentar Tyson começa fora dos ringues. Foreman não é o único a desafiar o ex-campeão. McCall iniciou uma campanha para ser ele próprio o primeiro a "pegar" a "mina de ouro". "Eu costumava bater no Tyson nos treinos", afirmou. "Já o mandei até para o hospital." Agora que passou por uma série de exames médicos que permitem seu retorno ao boxe, Hoyfield tem esperança de poder desafiar Tyson. Os dois já tiveram o combate adiado duas vezes, antes da prisão do ex-campeão. E há Lewis, Bowe, o inglês Frank Bruno... Até o hoje gorducho Buster Douglas, único a derrotar Tyson, afirma que gostaria de uma nova luta contra ele. "Todo mundo quer um pedaço de Tyson", disse Rock Newman, empresário de Bowe. A decisão sobre quem vai treinar, empresariar, promover a "mina de ouro" é assunto há meses no mundo esportivo. Oficialmente, Tyson tem dois empresários, John Horne e Rory Holloway, contratados pelo boxeador da sua cela na prisão. Para a promoção das lutas, Don King é o favorito na "bolsa de apostas". Para treinadores, os nomes de Steward, Panama Lewis e Kevin Rooney são os mais cotados. Apesar de muitas vezes dizer que odeia o mundo, Tyson é apenas um ser humano com seus medos e esperanças. Ele cometeu erros, pagou por eles e, talvez tenha aprendido lições. Não se sabe o que vai acontecer, mas é certo que Tyson merece uma segunda chance. E vai tê-la. Tradução de João Carlos Assumpção Texto Anterior: Berger faz seu 80º GP pela Ferrari Próximo Texto: Pugilista sai da prisão Índice |
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