São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Para Giannetti, atuação de FHC é decepcionante

GRAZIELE DO VAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O economista Eduardo Giannetti da Fonseca classificou como "decepcionante" a atuação inicial do governo Fernando Henrique Cardoso. Em palestra promovida pela Prever Previdência, ontem, em São Paulo, o economista afirmou esperar do presidente "medidas mais duras em relação às reformas".
"Ele tem cacife para isso. Acredito que possa reverter esse quadro, a exemplo do que aconteceu quando ocupava o Ministério da Fazenda", disse.
Na opinião de Giannetti, FHC tem pela frente três desafios: o equilíbrio das contas internas e externas, o ajuste fiscal e das contas públicas e a criação de mecanismos de prevenção que impeçam a indexação de preços e salários.
"Para o equilíbrio das contas, o déficit da balança comercial terá de ser de, no máximo, 2% do PIB. Isso significa a necessidade de gerar um superávit de US$ 4 bilhões até o final do ano", afirmou.
Segundo ele, para equacionar os problemas, a equipe econômica deve lançar mão de impostos emergenciais. "O Fundo Social de Emergência também pode ser renovado", disse.
Giannetti argumentou ainda que o governo deve promover uma nova desvalorização do real entre junho e julho, além da banda máxima já anunciada. Ele acredita que se possa chegar à paridade de R$ 1 para US$ 1.
"A participação das exportações brasileiras na economia mundial, que correspondia a 1,5% do volume global em 84, caiu para menos de 1% no ano passado", afirmou o economista.
Na avaliação de Giannetti, a estabilidade do Real é muito "frágil". "Uma das lições que aprendemos com este plano é de que não se chega à estabilidade econômica com uma grande festa de consumo", disse.
Segundo o economista, ao contrário do que se pensa, o país está apenas no começo de um processo de abertura econômica e de reorganização do sistema fiscal.
"O Brasil continua sendo um dos países mais fechados do mundo, altamente dependente do Estado. Só perde para a Índia", disse.

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