São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Covas quer vender ações para sanear o Banespa

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A venda de ações do Banespa para a iniciativa privada, incluindo a transferência de seu controle acionário, é uma das soluções encontradas pelo governo paulista e pelo Banco Central para acabar com a crise financeira do banco.
Apesar de alguns rodeios, o governador Mário Covas acabou revelando ontem que essa é um dos principais itens da pauta da negociação para suspender a intervenção no banco.
O Banespa vai tentar se capitalizar vendendo suas ações.
"Qualquer cidadão de São Paulo pode ser dono (do banco)", afirmou Covas. Segundo o governador, o Estado não teme perder o controle acionário do banco. "O objetivo não é tornar o Estado majoritário ou minoritário", disse.
Mais importante, segundo o governador, é manter as regras de operação do Banespa sob controle do Estado. Covas também quer que os os compradores do banco sejam investidores paulistas.
"O Banespa pertence a São Paulo", declarou o governador. Segundo ele, qualquer solução para o fim da crise do banco "passa por São Paulo, independente do credo de cada um (comprador)".
Além das declarações de Covas, a Folha apurou que a saída para o Banespa será mesmo sua venda no mercado de ações. O governo entendeu que essa é a forma mais adequada para capitalizar novamente o banco.
Passa por essa solução a negociação da dívida do tesouro paulista com o Banespa, em torno de R$ 11 bilhões. O governo acredita que a suspensão da intervenção deve ocorrer até junho.
Covas reuniu ontem parlamentares paulistas para falar sobre o Banespa. Estavam presentes 26 deputados federais e dois senadores. Mas o governador não quis adiantar a pauta de negociações com os interventores do banco.
Fez um relato das dívidas do banco e se referiu a "melhores possibilidades" para o acordo com o Banco Central para suspender a intervenção.
Outras decisões também já foram tomadas. Uma delas é o acordo para que o Banespa cobre em favor do tesouro paulista a dívida de R$ 10 bilhões de ICMS que empresas têm com o Estado.
Metade do que o Banespa conseguir cobrar será usada para amortizar a dívida de R$ 11 bilhões do tesouro com o banco. Os interventores do Banespa acreditam que conseguirão cobrar pelo menos R$ 5 bilhões dessa dívida.
Outra fonte para diminuir a dívida do tesouro paulista com o Banespa será o dinheiro arrecadado com o programa de privatizações de estatais.

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