São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Governistas querem PTB, PP e PL fora do centro das decisões

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL, o PSDB e o PMDB querem formar o núcleo de poder governista, excluindo do centro das decisões os partidos aliados menores, PTB, o PP e o PL.
A proposta foi levada ontem a FHC pelos líderes do PSDB, do PFL e do PMDB na Câmara e provocou reação nos demais aliados.
"Eles querem encurralar, encostar o presidente na parede. Com maioria apertada, o presidente ficaria dependente deles. É a política das velhas raposas", protestou o líder do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto (SP).
O líder do PTB na Câmara, Nelson Trad (MS), comentou que os três grandes partidos querem formar o núcleo da base, enquanto os demais aliados seriam a "marginalidade". Trad lembrou que o PTB apoiou FHC desde o início, enquanto outros aderiram ao governo após a eleição: "Temos sido fiéis porque fomos gerados em matrimônio, não em motel de quinta categoria".
Apesar de protestar, os pequenos não fizeram qualquer movimento so sentido de rompimento com o governo. Eles sabem que o governo vai precisar desses partidos para aprovar as emendas constitucionais em plenário, onde são necessários três quintos dos votos.
"O governo não é louco de jogar o PTB, o PP e o PL fora. Temos 90 votos", contabilizou o líder do PTB. O PP suspendeu a reunião da bancada que decidiria hoje se o partido segue ou não apoiando o governo. Por enquanto, fica no governo.
A idéia de criar o núcleo é do presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA). Foi ele quem agendou a reunião de ontem com FHC. Preocupado com a reação dos outros aliados, FHC convocou reunião com o PTB, o PP e o PL para quinta-feira.
Os líderes dos grandes partidos afirmam que o objetivo da sua articulação é garantir uma maioria homogênea para aprovar projetos, MPs e assegurar uma tramitação mais ágil delas na Câmara.
Juntos, os três grandes partidos contam com 260 votos, o que garante maioria absoluta. Inocêncio Oliveira (PE), líder do PFL, José Aníbal (SP), do PSDB, e Michel Temmer (SP), do PMDB, avaliam que os pequenos partidos, principalmente o PP e o PL, têm sido vacilantes no apoio ao governo.
Essa posição dúbia teria dificultado a ação do governo, que nunca sabe com quem contar. O primeiro passo seria, então, evitar as dissidências no PFL, PSDB e PMDB.
Inocêncio Oliveira, disse, antes mesmo de ir ao Planalto, que sua intenção não é excluir os pequenos. "Queremos aglutinar uma maioria tranquila agora. Tendo uma base sólida, fica mais fácil trazer os demais partidos".

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