São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Melhor opção é esperar

DA AGÊNCIA SAFRAS

O ano de 1995 será bastante complicado para a soja.
Após três anos de boa comercialização, as safras recordes nos Estados Unidos, Brasil e Argentina, sem a proporcional contrapartida da demanda, deve pressionar os preços a níveis bem inferiores aos de 94.
Além disto, o mercado deve registrar sérios problemas de descapitalização dos produtores. Para definir a direção dos preços e do mercado este ano é preciso levar em consideração duas questões fundamentais.
No primeiro plano temos o quadro de oferta e demanda no mundo e nos EUA. Ele aponta um aumento de 144% nos estoques finais nos EUA, saindo de 5,69 milhões para 13,89 milhões de toneladas.
O aumento nos estoques finais mundiais é de 53%, passando de 17,5 milhões para 26,8 milhões de t.
Nesse caso, a menos que ainda venha ocorrer algum problema mais sério com a safra sul-americana, os preços ficarão menores que US$ 6/ o bushel na Bolsa de Chicago durante o primeiro semestre, bem abaixo dos US$ 6,50/7 de 1994.
A provável pequena redução da área plantada na nova safra dos EUA é um limitante adicional para qualquer expansão das cotações.
A partir daí o mercado fica sensível ao clima no Meio-Oeste dos EUA no período entre abril e agosto. A segunda questão pode ser buscada no quadro brasileiro de oferta e demanda para o ano comercial 95/96, cuja produção é estimada por Safras & Mercado em 25,5 milhões de toneladas.
Há forte pressão nas cotações, considerando a redução na demanda externa, a concentração da colheita, a demora na liberação dos recursos pelo governo e a lentidão das vendas antecipadas.
Tudo isso deve levar ao aumento nos estoques finais em 65%, de 680 mil para 1,122 milhão de toneladas.
Por esse motivo, projeta-se preços entre 10% e 15% inferiores aos de 94, com picos negativos até abaixo disto, principalmente no período de concentração da oferta.
Em anos de tendência baixista, são três os alicerces de uma boa comercialização: investir em produtividade, estar bem informado sobre as flutuações do mercado e ter boa estratégia de comercialização.
Até junho, a venda deve ser uma opção e não uma necessidade.
O agricultor precisa acompanhar a definição do plantio nos EUA e o fluxo de comercialização interno e externo, a fim de aproveitar os picos de preços.
As vendas devem ser efetuadas preferencialmente no segundo semestre com picos prováveis entre julho e setembro e novembro e janeiro.

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