São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Cenário é de juros altos

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

A perspectiva dos juros para este ano é de taxas elevadas, acima da inflação. Neste cenário, o agricultor que vende sua safra deve aplicar o dinheiro no mercado financeiro até quando for possível, evitando antecipar a compra de máquinas e insumos.
Esta é a recomendação na maioria dos analistas financeiros, para quem a queda dos juros é só um objetivo de governo. "Nos juros, a lei da gravidade funciona ao contrário", afirma Francisco Lafayette, corretor de valores.
Dificuldades cambiais e pressões de demanda impedem que os juros internos se aproximem dos internacionais, como era a intenção inicial da equipe econômica.
"Este não é um ano interessante para renovar plantel ou máquinas", diz o consultor Paulo Possas, da PJ Possas. A não ser que o agricultor consiga um desconto excepcional ou terra muito barata.
Investimento na compra de boi para engorda, por exemplo, só é interessante para confinamento.
Possas também recomenda que o agricultor liquide suas dívidas para fugir dos juros altos. O produto da safra dificilmente vai se valorizar acima dos juros.
Lafayette concorda que os juros devem permanecer altos, mas diz que o detentor de uma dívida, antes de liquidá-la, deve comparar seu custo com o rendimento das aplicações financeiras.
Entre as opções do mercado financeiro, Lafayette indica os fundos de commodities tradicionais.
A vantagem é que estes fundos conseguem acompanhar as mudanças no panorama econômico e a oscilação dos juros, agilidade que não se consegue numa aplicação em CDB ou poupança.
Aplicando em fundos de commodities, é como se o investidor tivesse a seu lado um consultor financeiro, a um custo relativamente baixo, que é a taxa de administração cobrada pelos bancos.
Além disso, os fundos de commodities permitem saque a qualquer momento (liquidez diária) após a carência inicial de 30 dias.
Possas inclui os fundos de commodities entre suas indicações, principalmente para quem vai precisar de liquidez, mas aponta, em termos de rentabilidade, maior vantagem nos fundos de renda fixa DI. Os CDBs são alternativa apenas para quem dispõe de quantias muito elevadas para aplicar.
O único risco de a inflação retomar uma tendência firme de alta é a volta da indexação, analisa o economista Heron do Carmo, da Fipe. Mas o governo também não pode perder o controle das políticas fiscal e monetária, acrescenta.
Para Heron, o governo deve conseguir que a inflação se mantenha relativamente baixa até pelo menos metade deste ano.

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