São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Detentos fazem 37 reféns no interior de SP

DA FOLHA VALE

Os 700 presos do Presídio 1, de Tremembé (135 km de SP), se rebelaram anteontem à tarde e fizeram 37 reféns entre funcionários do presídio e parentes de presos. O presídio é de segurança máxima.
A rebelião começou no domingo, às 15h, durante o horário de visita. Até as 19h de ontem, o motim não havia terminado.
Os presos reivindicam a desativação de uma sala de tortura na Casa de Custódia de Taubaté (134 km de SP), que eles afirmam existir, o fim dos maus-tratos no Presídio 1 e a ampliação do horário de visita. O diretor da Casa de Custódia, Ismael Pedrosa, não foi localizado para comentar o assunto.
Os presos dominaram três pavilhões, a cozinha e a enfermaria. Ontem, eles ocuparam a sala de comunicação, farmácia, oficina e parte das dependências administrativas. Os reféns são 11 agentes penitenciários, uma enfermeira e cerca de 25 parentes de detentos, entre elas cinco crianças.
Os presos estavam circulando por todo o presídio, que está cercado por 70 PMs armados com espingardas. Os presos estavam armados com facas e estiletes. O preso Jairo Inácio Morais Filho foi ferido por colegas e levado para o Hospital Universitário de Taubaté.
O comandante regional da PM, coronel Gilberto de Carvalho, descartou ontem a possibilidade de intervenção da PM no presídio.
As negociações estavam sendo feitas pelo juiz corregedor de presídios do Estado, Ivo de Almeida, e pelo coordenador da Coesp (Coordenadoria Estadual de Presídios), Lourival Gomes. Eles chegaram ao presídio às 22h45 de domingo e ficaram ontem o dia todo no local, mas nada conseguiram.
Os presos pediram também a presença da imprensa, mas a direção do presídio não permitiu acesso ao local. Eles estão usando duas bandeiras, uma vermelha e outra branca, para se comunicarem.
Segundo eles, a bandeira branca significa que o presídio está "tranquilo" e a vermelha de que alguma coisa está acontecendo. A bandeira branca ficou hasteada ontem.
Os presos jogam os bilhetes amarrados em pedras para fora do presídio. Um deles, assinado por uma organização que se autodenomina "Comando Paulista", pede a presença do arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns.

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