São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Reitores são contra mudanças na MP

DA REPORTAGEM LOCAL

As universidades particulares são contra as alterações propostas por uma comissão de deputados à medida provisória (MP) nº 938, que institui o exame final pós-faculdade.
Pela nova proposta, as notas seriam mantidas em sigilo e não ficariam registradas sequer no histórico escolar, como prevê a MP.
Para o presidente da Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares), Antônio Veronezi, 51, isso é um retrocesso. "Os estudantes são irreverentes por natureza e as escolas vão ficar na mão deles", diz.
Antonio Carlos Ronca, da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), concorda: "Isso vai dar margem a manipulações. Basta um reitor aumentar o preço da refeição para sofrer um boicote".
Ronca afirma ainda que a mudança não resolve o "problema básico" da MP, que ele afirma ser a ineficiência da prova para avaliar os alunos.
Na opinião do reitor, o exame vai acabar sendo o único critério de avaliação, já que só ele consta da MP. "O governo está se precipitando", afirmou.
Colcha de retalhos
Uma "colcha de retalhos" é como o presidente da Andifes (associação dos reitores das universidades federais) definiu a tentativa de mudar a MP. Antônio Diomário Queiroz, 50, afirmou que as emendas estão sendo propostas sem "amadurecimento junto à comunidade".
Ele defende que qualquer proposta sobre avaliação do ensino superior seja discutida com base na Lei de Diretrizes e Bases. "Enquanto isso não acontece, não há consistência", disse.
Falta de qualidade
O presidente da Anup admite que há problemas em universidades particulares.
"Nós tivemos que passar por cima da qualidade porque o país precisa da universidade particular. Se o governo começar a fechar instituições não terá como absorver esses alunos."
Ele afirma que parte desses problemas é a impossibilidade de as escolas particulares formarem seus professores.
"Se eu contratar um docente doutorado pela USP e seus alunos forem mal no exame, de quem é a culpa?"
O presidente da Anup também é radicalmente contra o recredenciamento das universidades a cada cinco anos. "Não é possível mexer em direito adquirido", disse.

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