São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Safra não ativa economia no interior

DA REPORTAGEM LOCAL

A safra recorde de 81,6 milhões de toneladas de grãos que começa a ser colhida não está sendo suficiente para alavancar a economia local das principais áreas produtoras do país.
O comércio do interior, que normalmente comemora nesta época do ano um salto nas vendas de eletrodomésticos, imóveis e automóveis por causa da entrada do dinheiro da safra, registra queda de até 40% nos negócios em março sobre o mesmo mês de 1994.
A baixa rentabilidade desta safra se reflete nos preços de mercado dos produtos agrícolas.
Exceto para o algodão, o feijão e a soja em algumas regiões, as cotações dos grãos hoje estão abaixo preço mínimo de garantia estipulado pelo governo. Pior: o dinheiro do crédito rural para compra da safra não está chegando em volume suficiente aos bancos.
Em Rio Verde, sudoeste de Goiás, por exemplo, a comercialização da safra da região, estimada em 2 milhões de toneladas de grãos, está totalmente paralisada.
"Governo e indústrias não estão comprando o milho e a soja. Com isso, as vendas do comércio em geral estão 40% menores nas três primeiras semanas deste mês em relação ao mesmo período do ano passado", afirma Jorge Pedroso, presidente da Associação Comercial e Industrial de Rio Verde.
Em Maringá, norte do Paraná, outra importante região agrícola, o quadro é semelhante.
Entre os dias 1º e 20 deste mês, as lojas da cidade registraram queda de 18,94% nas vendas à vista e de 13,73% nos negócios a prazo, em relação ao mesmo período de fevereiro, segundo a Associação Comercial de Maringá.
A filial da Casas Felipe em Maringá, uma rede com 43 lojas no interior do Paraná e do Mato Grosso especializada em eletrodomésticos e móveis, esperava crescimento de 30% nas vendas em março sobre as de fevereiro.
Edir Vaz Teixeira, gerente da filial, conta que, até agora, os negócios estão abaixo do esperado.
"Isso é reflexo da paralisação da venda da safra e das medidas do governo para frear o consumo", diz Pedro Granado Martines, presidente da Associação Comercial de Maringá, que engloba 50 municípios do norte do Paraná.

LEIA MAIS
sobra a safra agrícola à página 2-8 e no Guia da Safra 95

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