São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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F-1 até 'engorda' para burlar regra

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Outra polêmica, a "engorda" dos pilotos, aumenta o já turbulento início de temporada da F-1 deste ano, cuja a primeira prova foi o GP do Brasil, realizado domingo em Interlagos.
Anteontem, Michael Schumacher (Benetton) e David Coulthard (Williams) foram desclassificados do GP do Brasil, por irregularidades no combustível de seus carros.
Agora, o repentino aumento de peso dos pilotos pode fazer com que a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), órgão máximo do esporte, reveja seus procedimentos.
Neste ano, diferentemente do ano passado —quando o regulamento dizia que o carro deveria pesar pelo menos 515 kg—, o mínimo é de 595 kg. Só que contabiliza também a massa do piloto.
Em média, um piloto pesa cerca de 70 kg. A mudança do regulamento, então, promoveu um aumento de 10 kg para tornar os carros mais pesados, leia-se, mais lentos.
O peso dos carros é verificado a cada GP durante treinos (de forma aleatória) e corridas (de forma dirigida, os líderes são verificados).
E a esses números são somados os pesos dos pilotos que constam de uma "pesagem oficial", realizada no início da temporada.
A pesagem deste ano foi feita na quinta-feira passada, nos boxes de Interlagos.
Assim começou a polêmica, já que muitos pilotos teriam engordado deliberadamente para a "pesagem oficial" para, com o passar do tempo, emagrecerem.
O conjunto carro mais piloto ficaria a cada GP "oficialmente" mais leve, portanto mais rápido, promovendo uma vantagem extra na pista.
Segundo as "pesagens oficiais" realizadas em 94 e este ano, os pilotos engordaram em média 4 kg.
Quem mais ganhou peso foi o alemão Michael Schumacher, que passou de 68 kg para 77 kg.
"Ganhei alguns quilos neste inverno (europeu) por causa dos treinamentos físicos. Transformei gordura em músculos", explicou-se o campeão mundial de 94.
Outros exemplos: Gerhard Berger, da Ferrari, que passou de 74 kg para 80 kg; Damon Hill, da Williams, que ganhou 5,5 kg; Mika Hakkinen, da McLaren, somou 9 kg aos seus 66 kg anteriores.
Mas a FIA parece estar atenta ao problema.
Anteontem, segundo um assessor de Schumacher, o piloto foi obrigado a se pesar de forma inesperada logo após o GP do Brasil.
Foi constatado que seu peso adicionado ao do carro não quebrou o regulamento, mas foi consideravelmente inferior ao obtido na "pesagem oficial" da quinta-feira.
A FIA não fez nenhum anúncio oficial sobre o problema, neste fim-de-semana em Interlagos.
Mas alguns dirigentes deram a entender que tinham conhecimento das discrepâncias e iriam iniciar uma investigação.

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