São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Milão recebe diversidade do produto brasileiro
CELSO FIORAVANTE
O Brasil será representado por 57 designers, estúdios e instituições educacionais, divididos nos setores gráfica (23 nomes), móveis (dez), objetos (nove), iluminação (sete), têxtil (três), high-tec (três) e escolas (duas). "Achamos mais interessante para esta primeira iniciativa deste porte não apresentar lançamentos, mas sim dar uma panorâmica da produção brasileira", explica a designer Marili Brandão, que divide a curadoria desta participação brasileira com o italiano Vanni Pasca. "Procurei ainda selecionar produtos que não tivessem um confronto direto com os europeus. Não iremos lá para comparar nossa marcenaria com a escandinava, que é a melhor do mundo, por exemplo", explica Marili. Os produtos brasileiros serão apresentados na sede do consulado brasileiro em Milão (corso Europa, 12, 6º andar), onde permanecem até o dia 20. "O trabalho de organização foi muito grande para ficarmos apenas cinco dias", justifica Marili. A idéia de uma mostra brasileira surgiu a partir de comentários de designers e críticos italianos de que o Brasil não teria um design forte. Elogios à produção do país por parte do consagrado designer italiano Paolo Deganello reforçam a idéia da curadora de mostrar que além de uma produção consistente, o design brasileiro se equipara a europeus e norte-americanos em setores como o gráfico e o videográfico. Na área de móveis, irão a Milão alguns clássicos da produção brasileira, como as cadeiras de Carlos Motta e de John Graz (esta última a única peça histórica da mostra). Entram ainda produtos marcados por uma marcenaria acurada, o detalhismo e elegância das formas, como uma mesa de Cláudia Moreira Salles; a coluna "Brunilda", de Marcelo Rosenbaum e Ricardo Varuzza; e o porta-CDs de Marco Antônio Leal (veja foto à dir.). Embora a mostra tente livrar o designer brasileiro de idéias preconcebidas, as cores do país estarão bem representadas nos tecidos da Arte Nativa e nas fruteiras de Annette Berliner (veja foto ao lado). Berliner utiliza uma técnica semelhante ao "papier mâché", em que as formas são adquiridas através da sobreposição e colagem de folhas de papel. A reutilização de materiais é um dos méritos brasileiros e se manifesta ainda em peças como os talheres de chifre e a fruteira em madeira com pés de chifres, criação de Jimmy Bastian Pinto (o designer faz ainda, sem o mesmo acerto, objetos com casca de coco) e o "couro vegetal", que a Tátil desenvolve para o mercado norte-americano. A reciclagem, outro ponto forte no design do país, estará bem representada com a produção têxtil de Rosângela Ortiz de Godoy, como toalhas, tapetes, passadeiras e mesmo tecidos para roupas. A artista cria novas estampas com restos de tecidos recolhidos em tecelagens e tiras de couro. O gráfico Nido Campolongo também comparece com envelopes, papéis para carta e cartões confeccionados a partir de papel reciclado. Em São Paulo, no Centro Cultural, permanece em cartaz até o dia 5 de abril a mostra "Design: Uma Realidade Italiana", com produtos de 28 empresas italianas. Texto Anterior: Fita revela conversa de Bracher e Arida Próximo Texto: OS BRASILEIROS EM MILÃO Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |