São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Funcionários exigem que PM 'limpe' o presídio

DA FOLHA VALE

Os funcionários do Presídio 1 de Tremembé ameaçam não voltar ao trabalho após a rebelião caso a Polícia Militar não faça uma "varredura" para retirar todas as armas em poder dos detentos.
O comandante da Polícia Militar de Taubaté, Paulo César Máximo, disse que a PM não vai fazer vistoria no presídio após a rebelião.
"Não vamos fazer isso. Vistoriar o presídio é tarefa da Secretaria de Assuntos Penitenciários", disse Máximo.
A secretaria informou ontem que não está definido quem vai fazer a vistoria no presídio.
Segundo o assessor de imprensa da secretaria, Dermi Azevedo, a PM não tem autonomia para negar a realização da vistoria nas celas quando a rebelião terminar.
"Se for necessário, o comandante da PM terá que acatar a decisão do secretário de Assuntos Penitenciários, Belisário dos Santos Júnior."
Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores do Complexo Penitenciário do Vale do Paraíba e Litoral Norte, Marcos Roberto Marcon, os funcionários do presídio 1 estão apreensivos com a indefinição sobre o fim da rebelião e a retomada das atividades do presídio.
Marcon estava organizando ontem à tarde uma assembléia dos servidores em frente ao presídio para protestar contra a direção da penitenciária. A assembléia acabou não sendo realizada.
Segundo Marcon, o sindicato não teria conseguido negociar com a direção do presídio medidas para evitar rebeliões.
Ele disse que os funcionários já previam rebeliões no presídio. "Nós inclusive pedimos a ajuda do vice-governador do Estado, Geraldo Alckmin", disse.
A assessoria de imprensa do vice-governador confirmou que Alckmin conversou com um funcionário do presídio.
Segundo a assessoria, a conversa tratou apenas de mudanças na direção do presídio.
O presídio tem em média 50 funcionários por plantão. Com a tentativa de rebelião feita no último sábado, apenas 25 funcionários foram trabalhar no domingo, com medo de um novo motim.
Sala de tortura
A assessoria de Assuntos Penitenciários informou ontem que estão sendo investigadas todas as denúncias feitas pelos presos de Tremembé, inclusive a existência de sala de tortura na Penitenciária 1 e no anexo da Casa de Custódia, de Taubaté.
A secretaria não confirmou a existência das salas. As salas de torturas foram denunciadas pelos presos e por agentes penitenciários de Tremembé.
Procurado pela Folha, o diretor da Casa de Custódia, Ismael Pedrosa, não foi localizado ontem.

Texto Anterior: Pai perde tutela de filho e faz refém no Pará
Próximo Texto: Pai de detento pede para ser trocado por neta refém
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.