São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995
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Banco faz manobra para ampliar crédito

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

Alguns bancos estão abastecendo o mercado de crédito direto ao consumidor com cerca de R$ 1 bilhão por mês, financiando a aquisição de automóveis e de bens de consumo duráveis por prazos acima do limite de três meses fixado pelo governo em outubro de 1994.
A informação foi dada ontem pelo diretor de crédito de um grande banco. Segundo ele, o principal instrumento utilizado para burlar o arrocho ao crédito tem sido as empresas de factoring.
Essas empresas, criadas pelos próprios bancos, "compram" à vista os carnês das vendas a prazo feitas pelas lojas, abastecendo-as do capital de giro necessário para financiar o consumidor.
O Banco Central proibiu os bancos de fornecerem recursos para as empresas de factoring, que não são instituições financeiras e, portanto, não estão sujeitas ao controle do BC.
Mas essa proibição, segundo a Folha apurou, vem sendo contornada com empréstimos feitos às firmas de factoring por empresas não-financeiras do conglomerado, conhecidos legalmente como operações de mútuo.
Em determinados casos, os recursos são fornecidos por grandes empresas de fora do grupo, em troca de uma taxa de juros mais atraente que a das aplicações financeiras convencionais, já que sobre as operações de factoring e de mútuo não incidem o IOF e o Pis de 0,75% pagos pelas instituições financeiras.
Não há ilegalidade nessas operações, mas elas servem para burlar o arrocho ao crédito.
Outra forma utilizada pelos bancos para contornar o limite de três meses imposto ao crédito bancário é a realização de contratos múltiplos de três, com o refinanciamento prévio das parcelas excedentes.
Exemplo: para financiar a compra de um automóvel nacional ou importado por 18 meses, um dos bancos faz o consumidor assinar seis contratos de três meses cada.
Neste caso, as 18 prestações são previamente fixadas para o consumidor. Os saldos remanescentes após o pagamento de cada grupo de três parcelas, já computados os juros, são refinanciados. É como se a cada três meses o consumidor fizesse um novo financiamento. Só que tudo é feito no ato da compra do automóvel.
Há bancos que estão financiando o capital de giro de revendedoras de veículos por 18 a 30 meses com recursos de eurobônus, repassados através das regras da Resolução 63 do BC.

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