São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995
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Premiê do Burundi quer guetos étnicos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro do Burundi, Antoine Nduwayo, defendeu a criação de guetos étnicos para separar as comunidades hutu e tutsi.
Funcionários das Nações Unidas no país da África Central dizem que a medida pode reduzir as tensões no curto prazo.
Mas, no longo prazo, apenas contribuiria para o aprofundamento dos problemas entre as duas comunidades burundinesas.
Pelo menos 200 pessoas foram mortas por pistoleiros tutsis na última sexta-feira em Bujumbura, a capital, no dia mais violento dos últimos 18 meses no país.
Cerca de 24 mil pessoas fugiram do Burundi para o Zaire desde sexta-feira, informou ontem Ron Redmond, porta-voz do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).
Ontem, cerca de 200 europeus deixaram o país num Boeing 747 da Air France que havia levado um ministro francês ao país.
A embaixada francesa recusou-se a qualificar o vôo como evacuação. Preferiu dizer que era uma antecipação dos feriados da Páscoa por razões de segurança.
" Estou saindo para os feriados um pouco mais cedo", disse uma professora francesa que não se identificou. "Devo estar de volta, como planejado, em 14 de abril".
O ministro para Cooperação e Desenvolvimento da França, Bernard Debré, confirmou que a comunidade internacional poderá intervir se a situação se agravar.
Mas Debré afastou a possibilidade de uma intervenção unilateral, similar a que foi realizada em Ruanda no ano passado.
O secretário-geral das Nações Unidas, o egípcio Boutros Boutros-Ghali, tentou obter do Conselho de Segurança autorização para uma intervenção militar.
Mas diplomatas ocidentais e funcionários da ONU disseram que o conselho deve apenas emitir uma declaração sobre o Burundi.

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