São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 1995
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Parentes rezam por fim de rebelião pacífico; Porta-voz dos presos pede fim das humilhações; Presos dizem que não são como Collor e PC; Dona-de-casa acredita em nova chacina da PM; Escriturário diz que rebelião é empolgante

Parentes rezam por fim de rebelião pacífico
Parentes dos presos passaram pelo menos três dias em frente à Penitenciária 1 rezando, como Maria Correia (foto), para que a rebelião terminasse sem confronto. Cerca de 25 mulheres, que na madrugada acenavam com gestos de apoio, passaram a pedir que os presos desistissem do movimento. De uma distância de 300 metros, gritavam o nome dos parentes, tentando comunicação.

Porta-voz dos presos pede fim das humilhações
O preso Hélcio Carlos Arcanjo, que se diz portador do vírus da Aids e porta-voz dos presos, definiu a rebelião como uma forma de não de sofrer calado "todos os tipos de humilhações". Em carta ao secretário de Assuntos Penitenciários do Estado, Belisário dos Santos Júnior, afirmou estar disposto a morrer por uma causa justa e pediu mudanças na Justiça.

Presos dizem que não são como Collor e PC
"Não somos PC Farias e nenhum Fernando Collor, que roubaram o povo brasileiro e que estão em liberdade. Por quê será que todo Governo deixa um rombo em todo final de mandato?"(carta dos detentos rebelados ao secretário da Justiça).

Dona-de-casa acredita em nova chacina da PM
"A cidade está tranquila, mas a gente sente pelos reféns. O bom seria que tudo acabasse com um acordo, mas acho que vai ser difícil, porque a violência sempre ganha. A PM não vai ceder, vai partir para a agressão e para a chacina", disse Alda Riston, 33, dona-de-casa em Tremembé.

Escriturário diz que rebelião é empolgante
"A rebelião não causa medo pela quantidade de policiais que estão no presídio. Em certas horas, é até empolgante acompanhar o movimento, causa certa emoção. Pelo menos está acontecendo alguma coisa nesta cidade", afirmou João Roberto Rodrigues da Silva, 27, escriturário em Tremembé.

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