São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Argentinos condenam embaixador dos EUA

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O Congresso argentino, incluindo o partido governista (Justicialista), quer declarar o embaixador dos Estados Unidos na Argentina, James Cheek, "persona non grata" ao país.
Cheek disse ontem que "nenhum peso em investimentos virá para a Argentina se o Congresso aprovar a lei de patentes que está em tramitação".
A ameaça do embaixador coincide com as gestões do governo dos Estados Unidos junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional), Bird (Banco Mundial) e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para apressar o desembolso de empréstimos emergenciais para a Argentina.
Depois de dois anos de negociações no Congresso, governo e oposição chegaram a um acordo sobre um projeto de lei de patentes, que estava previsto para ser aprovado ontem.
O ponto do projeto que mais desagrada aos norte-americanos é o pagamento de direitos do inventor (royalties) para produto final, como medicamentos, a partir de 2003. Cheek considera este prazo um exagero.
O presidente da Comissão de Indústria da Câmara de Deputados, Humberto Roggero (Partido Justicialista), afirmou ontem que as declarações de Cheek eram "um desrespeito" ao Legislativo.

Socorro
O governo de Carlos Menem tentava votar no final da tarde de ontem projeto de lei modificando o estatuto do Banco Central. O objetivo é permitir que o BC possa reordenar o sistema financeiro a partir do fundo de socorro aos bancos.
Além disto, o governo também quer obter do Congresso aprovação para a obrigatoriedade de seguro bancário para depósitos entre US$ 3 mil e US$ 5 mil. Este seguro ficará a cargo das próprias instituições financeiras, sem injeção de recursos do BC.
A aprovação destas mudanças é fundamental para que o ministro da Economia, Domingo Cavallo, possa implementar, já na próxima semana, o Fundo Fiduciário de Mobilização Bancária.
Este fundo terá cerca de US$ 3 bilhões para capitalizar, fundir e fechar bancos com problemas de liquidez ou solvência (capacidade de pagar os compromissos em dia).
Desde o plano de conversibilidade, implantado em abril de 91, o Banco Central argentino passou a ser basicamente uma caixa de conversão- para cada dólar que entra, é emitido um peso.
Com a saída de capital estrangeiro e fuga de poupadores do sistema bancário depois da crise mexicana, o sistema bancário entrou em colapso. Por isto mesmo, é preciso que o BC volte a ter funções tradicionais para reestruturar o sistema financeiro.
O secretário-geral da Presidência da República, Eduardo Bauzá, passou a tarde inteira no Congresso para tentar colocar o projeto em votação da noite de ontem.

Texto Anterior: Boatos da reunião do CMN derrubam dólar
Próximo Texto: Feira deve negociar US$ 1,8 mi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.