São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 1995
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Renovação da Argentina supera Brasil

MARCELO DAMATO
ENVIADO ESPECIAL A GOIÂNIA

O técnico da seleção brasileira, Mário Jorge Lobo Zagallo, considera que a Argentina está na frente do Brasil no processo de renovação da seleção.
Enquanto ele se diz obrigado a fazer "uma mescla" entre os campeões mundiais e as revelações, o seu colega Daniel Passarella pôde fazer uma troca mais profunda. "A seleção da Argentina já está quase toda renovada. Os novos já estão na equipe principal. Nós ainda estamos caminhando para isso", disse Zagallo.
No time-base de Passarella, apenas dois jogadores, o lateral Chamot e o centroavante Batistuta, foram titulares na Copa do Mundo dos EUA.
O meia Ortega e o volante Pérez também foram aos EUA, mas como reservas. Ortega, a maior revelação argentina dos últimos 15 anos, chegou a entrar na equipe quando Maradona foi afastado por doping.
Zagallo, ao contrário, manteve a base da seleção do tetracampeonato. Ele queria trabalhar quase só com jogadores que possam ir ao Pré-Olímpico, em março de 96, mas desistiu por temer uma repercussão negativa em caso de fracasso na Copa América.
O técnico brasileiro aponta outra vantagem da Argentina. Os jogadores jovens daquele país já participaram de competições pela seleção e os do Brasil, ainda não.
Desde que assumiu o comando da Argentina, em outubro, Passarella já pôs jogadores como o atacante Rambert e os meias Espina e Gallardo em duas competições.
Em janeiro, o seu time foi vice-campeão da Copa do Rei Fahd, na Arábia Saudita, em que participaram também Arábia Saudita, Nigéria, Japão, México e Dinamarca (a campeã).
Neste mês, chamou a equipe quase completa para disputar —e vencer— o Pan-Americano de Mar del Plata. O Brasil foi representado por uma equipe de jogadores qye disputaram a Copa São Paulo de Juniores.
A primeira competição da seleção brasileira após a Copa do Mundo será apenas em junho, um mês antes da Copa América. A Copa Stanley Rous, na Inglaterra, será um quadrangular com as equipes do Brasil, Inglaterra, Japão e Suécia.
Zagallo só terá tempo de concretizar o processo de renovação da seleção daqui a cerca de 16 meses, quando terminar a Olimpíada de Atlanta. A partir daí a seleção olímpica deixa de existir e ele poderá se concentrar apenas na equipe principal.
Para tentar "ganhar tempo", uma das expressões preferidas do treinador nos últimos três amistosos, Zagallo pretende levar o máximo de jogadores "olímpicos" às partidas na Europa. O problema é que a grande maioria deve ficar na reserva.
Apenas o volante Zé Elias, do Corinthians, e o meia Juninho, o homem de ligação do esquema de Zagallo, devem ser titulares nas jogos na Europa e em Israel.
Se não houver contratempos, a dupla de zagueiros Aldair e Márcio Santos já está confirmada na seleção, assim como Romário. Zagallo não deverá chamar os brasileiros que atuam no Japão.

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