São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 1995
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Partido matou milhões no país

RENATO MARTINS
DA REDAÇÃO

O Camboja foi palco nos anos 70 de uma das mais brutais matanças deste século. Entre abril de 1975 e dezembro de 1978, algo entre 1,5 milhão e 3 milhões de pessoas morreram sob o regime ultra-esquerdista do Khmer Vermelho.
Ironicamente, no final dos anos 60 o Khmer era apoiado por Norodom Sihanouk, o atual rei. Ele havia sido levado ao trono em 1941 pela França. Na época, o Camboja compunha as colônias da Indochina junto com os vizinhos Laos e Vietnã.
Sihanouk proclamou a independência em 1953. Nos anos 60 ele apoiou o Vietnã do Norte e os vietcongs em sua guerra contra o Vietnã do Sul e os EUA. Cedeu território para a Trilha de Ho Chi Minh, pela qual os guerrilheiros eram abastecidos desde o norte.
Isso levou os EUA a bombardearem secretamente o Camboja de 1969 a 1973.
Em 1969, o general Lon Nol deu um golpe de Estado, apoiado pelos EUA. Exilado, Sihanouk se uniu aos guerrilheiros do Khmer Vermelho, que tomariam o poder em abril de 1975 com apoio da China.
Liderado por Pol Pot e inspirado pela ultra-esquerdista Revolução Cultural de Mao Tsetung, o Khmer mandou praticamente toda a população urbana para trabalhos forçados no campo.
A moeda foi abolida; praticamente toda a classe média foi exterminada, assim como quem usasse óculos ou falasse línguas estrangeiras.
O regime terminou com a invasão do país pelo pró-soviético Vietnã, em 1978. O Khmer se refugiou no leste da Tailândia e voltou à atividade guerrilheira.
As tropas do Vietnã deixaram o Camboja em 1989. Deixaram instalado em Phnom Penh um regime pró-vietnamita.
Em 1991, a ONU mediou um acordo de paz que levou às primeiras eleições livres, em 1993. Sihanouk voltou ao trono e formou-se um governo de coalizão com dois primeiros-ministros: Hang Semrin (pró-Vietnã) e o príncipe Norodom Ranariddh. O Khmer Vermelho continua a combater.

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