São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 1995
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Sentido de ritmo vem da música

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

John Carpenter faz parte desse grupo de cineastas que, jovens, hesitaram entre a música e o cinema. Uma característica que partilha, por exemplo, com Leonard Kastle, que, após fazer uma obra-prima, "Os Assassinos da Lua-de-Mel" (1970), sumiu das águas do cinema.
São diretores com um sentido rítmico em geral apurado e uma grande capacidade para unir a banda de imagem à de som. O exemplo pode ser visto na associação música/imagem na notável sequência dos letreiros de "À Beira da Loucura".
Carpenter, nascido em 1948, tem sido visto com frequência como um discípulo de Howard Hawks (1896-1977), em parte por ter realizado, em 1982, "O Enigma do Outro Mundo", "remake" de "O Monstro do Ártico" (produzido por Hawks, dirigido por seu montador, Christian Niby).
Ao contrário de Hawks, que raramente incursionou pelo fantástico, Carpenter buscou ali seu território preferencial, desde que se lançou como diretor, independente. Desde "Halloween, a Noite do Terror" (1978), seu primeiro grande sucesso, algumas características de Hawks se manifestam em seu trabalho, como a idéia de "mise-en-scène invisível", isto é: ausência de efeitos, clareza de exposição, desprezo pelo que impressiona facilmente.
Desde "Halloween", este diretor nascido em 1948 realizou uma série de trabalhos de sucesso, como "Christine, o Carro Assassino" (1983) ou "Starman" (1984), antes de chegar a seu trabalho mais sólido, visual e intelectualmente, "Eles Vivem" (1992).
Quando se fez aceitar por Hollywood, após o sucesso de "Halloween", escreveu também o roteiro de "Os Olhos de Laura Mars" (1978). Desde então, alterna filmes maiores e menores. Mas tem-se afirmado, invariavelmente, sempre, um cineasta que não se adequa ao conforto das posições conquistadas e evolui.
(IA)

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