São Paulo, sábado, 1 de abril de 1995
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Voluntários testam remédio contra Aids

DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro hospitais paulistas estão formando grupos de voluntários para testar um novo medicamento contra a Aids.
Ao todo, 750 pessoas testarão, em São Paulo, os efeitos da droga MK 639, do laboratório norte-americano Merck.
O programa, que foi divulgado oficialmente anteontem, será desenvolvido em núcleos dos hospitais Emílio Ribas, das Clínicas, da Escola Paulista de Medicina e da Unicamp.
Para participar do teste, os voluntários devem ser portadores do vírus HIV sem ter desenvolvido sintomas da doença. Também é pré-requisito que o infectado nunca tenha tomado AZT.
O remédio, que já teve testes iniciados nos EUA, deixou o infectologista do HC David Uip, 42, animado. "A experiência mostrou que a droga conseguiu reduzir a quantidade de vírus no organismo em 80%", afirmou.
Segundo Uip, o MK 639 bloqueia uma enzima que permite a replicação do HIV. O resultado prático, em caso de sucesso, é que o portador do vírus não desenvolveria a doença. "Com esse controle, há uma tentativa de impedir que o vírus se manifeste", disse.
A escolha do Brasil para testar o novo medicamento se explica por três fatores, segundo Uip. Em primeiro lugar, é a posição do Brasil como o segundo país que tem mais casos de Aids no mundo.
Outro fato é que a quantidade de portadores do vírus que toma AZT no país é muito pequena, se comparada à Europa. Por fim, Uip diz que a cidade tem centros de pesquisas aparelhados para fazer esse tipo de acompanhamento.
Os voluntários serão divididos em três grupos: um receberá AZT, o outro, uma mistura das duas drogas e o terceiro apenas o MK 639. A previsão é de que o tratamento dure 30 meses, quando devem ser finalizados os primeiros resultados dos testes.

Os interessados podem procurar a Casa de Aids do Hospital das Clínicas. O endereço é rua Cardeal Arcoverde, 394, Pinheiros (zona oeste de São Paulo).

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