São Paulo, sábado, 1 de abril de 1995
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Mãe engravida em SC para salvar filho com leucemia

SILVIA QUEVEDO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Após tentar sem sucesso conseguir um doador para seu filho Juliano, 14, portador de leucemia mielóide crônica, a dona de casa Margarida Bez Fontana, de Cocal do Sul (SC), 34, decidiu ter outro filho para resolver o problema.
Juliano recebeu do irmão, Rodolfo, 2, a medula óssea que o curou. A leucemia foi diagnosticada em 1991, depois que o garoto se machucou em um jogo de futebol.
"Ele não sentia nada, mas ficou 15 dias com febre de 39ºC. Ficamos aflitos até descobrir o que era. E foi mais difícil depois, porque sabíamos que ele poderia morrer", contou Margarida. Descoberta a doença, pais e médicos tentaram encontrar um doador compatível.
Segundo a médica Mirna Íris Zilli, 34, que até hoje acompanha Juliano, a possibilidade de encontrar um doador era remotíssima.
"Preocupei-me pois sabia que Juliano tinha sobrevida de apenas cinco anos. Ao mesmo tempo, sabia que com um parente seria mais fácil por causa do código genético. Nesses casos, é preciso haver genes em comum", disse Mirna.
Exames feitos com os pais e o segundo filho do casal, Eugênio, deram resultados negativos. A idéia de um bebê partiu da médica.
"Depois de um ano de especialização na Inglaterra, onde via muitos transplantes, achei que era a melhor solução", contou.
"Foi uma via-sacra", disse o pai de Juliano, Otávio Fontana, 43, técnico em pecuária em Cocal do Sul (224 km de Florianópolis).
"Os médicos nos diziam que a chance de o bebê ser compatível era de 25%." Após nove anos sem filhos, Margarida teve então seu terceiro filho, Rodolfo.
O teste no garoto deu positivo e o transplante foi realizado em novembro passado em Curitiba (PR).
Mirna diz que Rodolfo está "perfeitamente bem". Curado da leucemia, Juliano está há um mês em casa e ainda faz controle semanal com a médica. Como não pode fazer maiores esforços maior, passa os dias vendo TV. "Estou bem, acho que nasci de novo", afirmou.

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