São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995 |
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Migração de célula torna difícil mulher engravidar
JAIRO BOUER
Estima-se que entre 2% e 4% da população feminina em idade fértil tenham endometriose no Brasil -o que representa mais de dois milhões de mulheres afetadas. A doença é um dos temas da 9ª Jornada de Obstetrícia e Ginecologia da Santa Casa de São Paulo, que acontece essa semana. Nas mulheres com a doença, as células do endométrio "escapam" do útero e se implantam em áreas próximas, principalmente nos ovários, trompas e estruturas de sustentação do aparelho genital. Bexiga e intestino também podem ser "colonizados" pelas células. Na menstruação, esses focos de endométrio sofrem influência dos hormônios como se fossem a própria parede do útero. As células proliferam e há sangramentos para dentro da cavidade abdominal. Os sangramentos mensais produzem repetidas reações inflamatórias, resultando na formação de aderências (cicatrizes) próximas ao útero. A inflamação e as cicatrizes geram dor e desconforto crônicos. Tsutomu Aoki, chefe de clínica adjunto do departamento de obstetrícia e ginecologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, diz que cólicas intensas nas menstruações são o sintoma mais comum. Dores fora do ciclo menstrual e dificuldades para urinar ou evacuar também são manifestações bastante frequentes. Aoki adverte que a ausência de dor não exclui o diagnóstico. Segundo ele, cerca de 25% das pacientes que têm a doença não apresentam sintomas. Os focos podem alterar a motilidade (faculdade de se mover) das trompas, o funcionamento dos ovários e produzir obstáculos mecânicos que dificultam o encontro do espermatozóide com o óvulo. A mulher fica com mais dificuldade ou até impossibilitada de engravidar. Outros problemas durante a gestação, como abortos espontâneos que se repetem e gravidez ectópica (fora do útero), podem estar relacionados à endometriose. Segundo o médico Newton Busso, do departamento de obstetrícia e ginecologia da Santa Casa, a dor durante as relações sexuais também é comum nas pacientes com a doença. As células do endométrio podem passar à circulação sanguínea e se implantar em locais distantes. Focos que sangram na menstruação já foram encontrados no nariz e garganta de algumas pacientes. Aoki diz que o diagnóstico deve ser precoce. Se uma adolescente tem sintomas sugestivos da doença, deve procurar um médico. Quanto antes o tratamento for feito, menor a chance de casos graves e de complicações futuras. 9ª JORNADA DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA DA SANTA CASA. De 5 a 8 de abril, no Centro de Convenções Rebouças. Tel.: (011) 815-5086 ou (011) 212-8543 Texto Anterior: Anticoncepcional tem nova forma de aplicação; O NÚMERO; A FRASE; Cardiologia entra na era da informática; Médico analisa distorção do atendimento no Brasil Próximo Texto: Doença faz dona de casa ter 2 abortos espontâneos Índice |
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