São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Excesso de leis abre campo para advogados

JOSÉ VICENTE BERNARDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 10/05/95
A duração do curso de direito é de cinco anos, não de quatro, conforme publicado na pág. 6-3 do caderno Empregos de 2/4.
O número exagerado de leis no país -cerca de 1 milhão-, as imprecisões em seus textos e a velocidade com que elas são criadas e revogadas garantem um amplo mercado de trabalho para quem escolhe a carreira de advogado.
O cenário político também é favorável. "Sempre que um país passa a reconhecer os direitos naturais de seus cidadãos, os preceitos básicos antes desrespeitados passam a ser reivindicados judicialmente", avalia Guido Antonio Andrade, 55, presidente da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo).
"O Brasil vive um dos períodos mais democráticos de sua história, e o advogado se beneficia da democracia", analisa Andrade.
O crescimento econômico cria novas frentes de trabalho. Surgem leis referentes ao uso da informática, à maior interação comercial entre países -como a prevista pelo Mercosul- e até à proteção do meio ambiente.
O crescimento de shoppings e franquias, por exemplo, gera novas formas de contratos. Consequentemente, há mais necessidade de especialistas em interpretar e fazer valer as novas regras.
Por todos esses motivos, há quem diga que, se os anos 80 foram dos economistas, os anos 90 serão dos advogados.
Segundo Álvaro Villaça Azevedo, 57, diretor da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), além de direito internacional, ambiental e do consumidor, estão em alta as áreas tributária e de propriedade intelectual.
Para receber o título de advogado, quem se forma em direito deve passar por exame da Ordem dos Advogados. No Estado de São Paulo, o exame é realizado em abril, agosto e dezembro.
Em 93, 12.551 recém-formados de 48 faculdades paulistas fizeram as provas (uma escrita e uma oral). Só 3.538 foram aprovados.
Apesar dessa dificuldade, existem 90 mil profissionais inscritos na OAB paulista -metade na capital, metade no interior.
"O mercado de trabalho é bom, mas está faltando seriedade nos estudos", reclama o diretor da Faculdade de Direito da USP.
A maneira mais indicada para iniciar a carreira é trabalhar para um grande escritório de advocacia.
O salário inicial é, em geral, menor do que os honorários de quem monta seu próprio escritório. A vantagem é o contato com um número maior de clientes.
"Um bom especialista surge depois de dez anos de advocacia -e os cinco anos iniciais devem ser investidos em um escritório que mexa com as mais variadas causas", explica Azevedo.
Se o começo é difícil, com o tempo as chances de ganho tornam-se ilimitadas. Hélio da Silva Nunes, 65, montou seu escritório em 55. Diz ter demorado dez anos para ter "tarimba e clientela".
Por alguns anos, teve dois empregos para sobreviver -ele também é contador. Especializou-se em direito falimentar (falências). "Com o golpe de 64, muitas empresas entraram em concordata. Fechamos meia dúzia de contratos de US$ 1 milhão", lembra.
Em situações "normais", Nunes acha que um profissional experiente pode ganhar entre R$ 5.000 e R$ 10 mil mensais. Ele paga R$ 140 a um estagiário por meio período de trabalho.
(JVB)

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