São Paulo, segunda-feira, 3 de abril de 1995 |
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Velhos inimigos
NELSON DE SÁ
Ontem na televisão, Lula até arriscou uma daquelas frases de saudosismo fraterno, tão comuns no ano passado. "Fernando Henrique me conhece de outras lutas." Mas não soou sincero, desta vez. Não depois de Lula declarar, rindo com sarcasmo, que Fernando Henrique "se comporta como Collor". Não depois de Lula afirmar, em resposta ao convite do presidente para um possível encontro, que Fernando Henrique, se "tiver alguma coisa para conversar", deve ir até ele, Lula. O tom do presidente, ontem, não foi diferente. Foi de velhos inimigos. Falando de oposição em geral, mas tomando Lula e seus petistas como modelo, Fernando Henrique falou desdenhosamente do que chamou de "pessoal ideológico", com referência especial aos "beneficiários das corporações estatais que ficam com medo de perder privilégios". Para Lula, Fernando Henrique hoje não passa de um Collor. Para Fernando Henrique, Lula hoje não passa de um corporativista. Na periferia Pelo jeito, a televisão decidiu mesmo acordar para a violência na periferia de São Paulo. Ontem foi a Manchete que entrou na área. A rede está ampliando a cobertura na cidade e não demorou para trombar com os justiceiros. "A população de Guaianazes, na zona leste, está assustada", começou ontem a Manchete, para enumerar depois, entre outras, a morte de uma criança de um ano com um tiro na cabeça disparado por "homens" armados que perseguiam uma jovem. "Dizem que as pessoas que vêm matar vêm de longe", declarou uma "assustada" moradora de Guaianazes. "Mas ninguém sabe quem é, ninguém informa quem é." Também ontem, a Globo citou e mostrou pela primeira vez a "guerra entre traficantes" nas favelas da zona sul, tratada como uma das grandes "áreas de risco" de São Paulo. A guerra está começando. Texto Anterior: PROMESSAS DE FHC NA AMAZÔNIA Próximo Texto: Grupo tenta invadir área da Força Aérea Índice |
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