São Paulo, segunda-feira, 3 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Hija del Puma' causa impacto em Chicago

HELENA SALEM
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE CHICAGO

"La Hija del Puma", filme realizado pelos suecos Ulf Hutbert e Asa Faringer sobre os massacres de índios ocorridos na Guatemala entre 1978 e 1982, causou forte impacto ontem durante sua exibição no Festival Latino de Cinema de Chicago.
Uma co-produção da Suécia, Dinamarca e México, "La Hija del Puma" deverá ser exibido brevemente em São Paulo, na Cinemateca Brasileira. Vai fazer parte da Mostra de Filmes Dinamarqueses promovida pelo Instituto de Cinema da Dinamarca, entre 1º e 15 de junho.
Trata-se de uma história de ficção baseada em fatos reais: o massacre de quase toda a população do povoado indígena de São Francisco pelo exército guatemalteco, a 17 de julho de 1982, na ótica de uma jovem índia de 17 anos, que consegue sobreviver ao terror.
"Este filme é um tributo aos refugiados do mundo que escapam da guerra", avaliou Rigoberta Menchu Tum, a militante índia guatemalteca que ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 1992.
O filme foi rodado em Chiapas, no México, pouco antes de se iniciar (em janeiro de 1994) o levante indígena zapatista na região, com atores e equipe mexicanos. A figuração foi constituída por guatemaltecos que vivem em campos de refugiados naquele país.
"La Hija del Puma" já ganhou alguns prêmios importantes, entre eles o de melhor direção da Academia Sueca para Hutbert e sua mulher Faringer.
O Festival Latino apresentou também o primeiro longa-metragem do Paraguai, "Miss Ameriguá". Curiosamente, o diretor também não é paraguaio, mas um chileno que escapou da ditadura militar e se radicou na Suécia: Luis Vera, de 44 anos. O filme faz uma sátira à sobrevivência do poder dos militares no Paraguai, após décadas de ditadura, através de um concurso de miss numa pequena cidade.
A questão da herança da ditadura está presente também no filme de um outro chileno, só que sobre o próprio Chile: "Amnesia", de Gonzalo Justiano. Aqui, porém, não há espaço para o humor. É um filme forte, que procura fazer uma reflexão sobre as sequelas do autoritarismo e das violências cometidas no passado recente pelos militares, na atual sociedade chilena.
Outro filme que provocou impacto foi o venezuelano "Sincario", de José Ramon Novoa. Ambientado em Medellin, na Colômbia, conta a história de um "sincario", ou seja, menino contratado pelo narcotráfico para matar em troca de dinheiro.
Finalmente, nem tudo é política, drama e violência. "Bienvenido", do mexicano Gabriel Retes, é uma saborosa comédia que homenageia os 100 do cinema no mundo. Conta a história de um cineasta medíocre (interpretado pelo mesmo Retes) empenhado em fazer um filme sobre sexo e Aids.

Texto Anterior: Público tenta manter a classe
Próximo Texto: Brasileiro é homenageado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.