São Paulo, quarta-feira, 5 de abril de 1995
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Alta de preço dos carros não se justifica

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, José Milton Dallari, disse não haver razões para o aumento do preço dos automóveis nacionais devido à elevação do II (Imposto de Importação) para automóveis e ao dissídio salarial dos metalúrgicos em abril.
Após uma reunião de duas horas e meia com os presidentes das montadoras, Dallari disse que o governo vai fazer o acompanhamento dos preços dos automóveis por 60 dias, mas não explicou como o governo vai impedir o aumento.

Greve
Os metalúrgicos da GM entraram em greve por tempo indeterminado desde as 6h de ontem.
Eles reivindicam 20% de aumento real (acima da inflação), mais 27,11% de IPC-r (índice que reajusta os salários pela inflação passada a partir da implantação do real). A GM oferece 7,78% de aumento real, mais o IPC-r.
A GM, disse Dallari, vai implantar o terceiro turno em sua fábrica, contratando 3.000 pessoas.
O presidente da Anfavea (associação que reúne os fabricantes de veículos), Silvano Valentino, disse que a produção de carros nacionais pode aumentar, principalmente nas faixas de maior preço. Ele negou que a indústria automobilística esteja reivindicando um reajuste de 12% a 17% nos preços.

Importadores
Os importadores de veículos reivindicaram ontem ao governo que um lote de 50 mil automóveis importados da Europa e do Japão antes do aumento da alíquota do II sejam taxados em 32% -e não em 70%. O pedido foi feito pelo presidente da Abeiva (Associação das Importadoras), Emílio Julianelli, ao secretário Dallari.
O argumento é que os dólares relativos à compra dos 50 mil veículos já saíram do país e não comprometerão o desempenho da balança comercial de abril.

Demissões
Julianelli disse que os importadores poderão demitir 70% dos 25 mil empregos diretos, caso o governo não preserve a alíquota de 32% para este lote de carros.
Ele estima que 60% das 670 concessionárias não terão condições de continuar no mercado e fecharão suas portas. Se prevalecer a alíquota de 70%, disse Julianelli, as empresas terão que entregar as unidades para os bancos que serviram de avalistas, pois não terão compradores.

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