São Paulo, quarta-feira, 5 de abril de 1995
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Outra vez a mesma coisa

THALES DE MENEZES
E O BRASIL VAI SEGUINDO SEU CAMINHO HABITUAL NA COPA DAVIS.

Em 1993, perdeu da Bélgica. No ano seguinte, caiu diante da equipe peruana. Agora, é eliminado pelo México.
O Brasil tem mais quadras de tênis em seu território do que o total de quadras existentes nesses três países. Também conta com mais tenistas do que a soma dos filiados das federações belga, peruana e mexicana.
Não dá.
Se é para fazer renovação na equipe brasileira, que seja radical. Se é para perder de tenistas mexicanos, que jogue uma equipe de garotos. É hora de escalar Kuerten, Carlsson e o resto da molecada brasileira. Num esporte cada vez mais precoce como o tênis, não dá para chamar marmanjões como Meligeni e Silbeberg "revelações" ou "esperanças".
Não dá para o Brasil perder a disputa da Zona Sul-Americana da Davis. Comparadas as estruturas do esporte nesses países, o Brasil ainda está muito superior a todos os seus vizinhos. A dificuldade é transformar essa superioridade estrutural em vitórias nas quadras.
Não dá mais.
Enquanto isso, no Grupo Mundial, como é chamada a divisão de elite da Davis, as quatro equipes classificadas para as semifinais são as mesmas que disputaram essa fase na competição do ano passado.
E mais: vão jogar com os mesmos emparceiramentos: EUA x Suécia e Rússia x Alemanha.
No ano passado, fiz uma previsão: EUA x Alemanha na final. Errei feio. Deu Suécia campeã, derrotando a equipe russa na final. Mais uma vez, a lógica aponta para EUA e Alemanha na condição de favoritos à final.
Quanto aos norte-americanos, seguem imbatíveis se mantiverem na disputa os dois melhores jogadores do mundo, Pete Sampras e Andre Agassi. Para ajudar, os jogos serão disputados nos EUA.
Na outra semifinal, há um cheiro de surpresa no ar. Os alemães Boris Becker e Michael Stich são uma dupla ótima, capaz até de fazer frente ao "dream team" norte-americano. Mas os russos têm um furacão adolescente chamado Yevgeny Kafelnikov, atual nº 6 do ranking mundial.
Na Davis, o rapaz tem as impressionantes marcas de 10 vitórias em 11 jogos; nas duplas, ganhou quatro das cinco partidas que disputou. Sozinho, ele pode até levar a Rússia a uma nova decisão.
Que tal EUA x Rússia na final? Pode ser a Guerra Fria chegando ao tênis com 50 anos de atraso.

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