São Paulo, quarta-feira, 5 de abril de 1995 |
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Nóbrega fecha trilogia do arlequim tropical
ANA FRANCISCA PONZIO
Depois de "Figural" veio "Brincante", em 1992. Com "Segundas Histórias", Nóbrega compõe uma trilogia sempre protagonizada por Tonheta -herói picaresco, misto de bufão, clown, arlequim tropical, que também remete ao vagabundo Carlitos, de Chaplin. "Em 'Segundas Histórias', há a mesma densidade metafísica de 'Brincante', só que mais diluída, o que me permitiu explorar melhor a farsa, o caráter circense, o espetáculo como divertimento", afirma. Regional Para apresentar a fábula de Tonheta, Antonio Nóbrega inventou um universo que ele chama de mítico e típico, onde o regional assume dimensões comuns a todas as culturas. É o próprio Nóbrega que interpreta Tonheta e também o personagem João Sidurino, ator ambulante que recorre a vários meios de expressão. Sidurino tem uma partner, Rosalina de Jesus, interpretada por Rosane Almeida, mulher de Nóbrega. Juntos, empreendem viagens por lugares imaginários, para representar a epopéia sem fim de Tonheta. "Utilizando dança, mímina, representação e até mesmo ventriloquismo, eu e Rosane fazemos um mergulho interior, capaz de nos revelar todas as nossas possibilidades como intérpretes", explica Nóbrega. Música Entre todos os recursos por ele empregados, a música tem papel fundamental. Dominando vários instrumentos, do violino ao saxofone, Nóbrega começou sua carreira como integrante da Orquestra de Câmara da Paraíba. Depois, tocou na Orquestra Sinfônica do Recife, até se reunir ao escritor Ariano Suassuna e ao Quinteto Armorial, onde atuou também como compositor. Às raízes nordestinas, Nóbrega combinou o que captou de culturas clássicas, ocidentais e orientais, mais a vivência urbana em São Paulo, onde se fixou a partir de 1982. Síntese Dessas combinações, criou uma linguagem que concede um marco quase inicial à identidade da dança contemporânea brasileira. No entanto, a arte de Nóbrega é uma síntese de expressões, voltada para o teatro total perseguido hoje por coreógrafos como a francesa Maguy Marin. Como Marin, os espetáculos de Nóbrega são simples e despojados, sérios e ao mesmo tempo bem-humorados. Transcendendo o papel de bailarino, não consegue mais enquadrar o que faz. "Hoje não sei dizer se sou um ator-músico ou um músico que representa", diz. Brincante Além de espetáculos, o Teatro Brincante oferecerá cursos, workshops e, no futuro, mostras de dança. Já neste mês, Nóbrega e Rosane Almeida ministrarão o curso "A Arte do Brincanto", que integra trabalhos de corpo, voz, música e habilidades circenses. Texto Anterior: O sábio nos faz ver com nossos olhos Próximo Texto: Brincante reabre sexta Índice |
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