São Paulo, quinta-feira, 6 de abril de 1995
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Aids cresce mais entre os heterossexuais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Aids está crescendo mais entre heterossexuais, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde. Eles representam hoje 27,8% dos casos notificados de janeiro de 94 a fevereiro de 95. No último relatório, incluindo os casos de janeiro a novembro de 94, os heterossexuais eram 25,4% dos doentes de Aids. Em 93, eles eram 24,7%.
O segundo grupo entre os casos de Aids é o de usuários de drogas, que representam 19,3% das notificações entre janeiro de 94 e fevereiro de 95. Os homossexuais vêm em seguida, com 18,2%, e depois os bissexuais, com 9,2%.
Os receptores de sangue são 2% e os hemofílicos, 0,2%. Até hoje, desde 1980, foram notificados 60.364 casos de Aids no país. Um problema enfrentado na análise dos números, segundo a coordenadora do programa da Aids do Ministério da Saúde, Lair Guerra, é que os Estados e municípios estão demorando para comunicar os casos de Aids.
Eles deveriam notificar o Ministério da Saúde assim que os casos fossem diagnosticados, o que não está acontecendo. Dos 3.719 casos notificados de dezembro de 94 a fevereiro de 95, apenas três foram diagnosticados em 95.
Alguns casos haviam sido diagnosticados há nove anos. Além disso, desses 3.719 doentes de Aids, mil já morreram. Isso significa que mesmo os casos notificados de 94 chegaram com atraso: eram pessoas em fase terminal.
Uma visita da equipe do Ministério da Saúde a Minas Gerais constatou mil casos diagnosticados e não comunicados ao ministério. Lair Guerra acha que isso vai melhorar com a instalação de 70 postos informatizados do programa de Aids em todo o país.
Campanha
O Ministério da Saúde decidiu dirigir exclusivamente ao grupo heterossexual a próxima campanha publicitária de prevenção, que começa em julho e vai até dezembro.
Lair Guerra, diz que a campanha vai ser "mais explícita quanto aos meios de transmissão do que a campanha do Carnaval". Ela se reúne hoje com a equipe da agência Master, que fará a campanha.
A campanha do Carnaval mostrava pessoas dançando e colocando camisinha em uma banana. Lair Guerra acha que o filme foi um sucesso, mas que o próximo deve ser mais claro quanto aos meios de transmissão para atingir o público heterossexual.
Sobre eventuais críticas que poderão vir da Igreja, Lais Guerra afirmou que "se as Igrejas conseguissem que todos seus fiéis mantivessem fidelidade no casamento, nós não precisaríamos fazer campanha de prevenção à Aids".

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