São Paulo, quinta-feira, 6 de abril de 1995
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Estado não paga e preso não come em SP

VINICIUS TORRES FREIRE
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 3.000 dos 6.100 presos nos distritos policiais da cidade de São Paulo ficaram ontem sem o café-da-manhã e o almoço que deveriam ser fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública.
Faltaram alimentos em todos os distritos das regiões norte, centro e oeste da cidade. Segundo o governo, não houve distúrbios nos DPs por causa da falta de comida.
A Capital Fornecimento de Alimentação suspendeu a entrega das refeições para cerca de 40% dos 99 DPs da cidade por falta de pagamento.
A empresa não recebeu o dinheiro referente a parte de dezembro, janeiro e fevereiro, que deveriam ser feitos até o dia 15 do mês seguinte ao fornecimento.
Segundo o assessor especial para assuntos prisionais da secretaria, João José Dutra, o Estado está em atraso com todas as demais empresas fornecedoras.
O faturamento da Capital, no entanto, depende em cerca de 70% da venda de refeições para a Secretaria de Segurança Pública, segundo informou o advogado da empresa, Carlos Zaidan Calux.
O advogado disse que a suspensão da entrega não foi uma represália: "A empresa simplesmente não tinha mais como trabalhar".
Ainda segundo o advogado, a legislação obriga os fornecedores do Estado a continuarem cumprindo os contratos até que o atraso nos pagamentos ultrapasse 90 dias.
Dutra diz que o governo Mário Covas está tentando colocar em dia os pagamentos aos fornecedores de comida para os presos.
Segundo o assessor para assuntos prisionais, foram pagos pela nova administração os meses de outubro, novembro e dezembro.
O governo do Estado deve cerca de R$ 2,7 milhões à Capital. Na tarde de ontem, ficou acertado que a empresa receberia R$ 400 mil, o que deve "dar um fôlego à empresa por mais alguns dias", afirmou Calux. Segundo o advogado, um jantar reforçado estava sendo entregue na noite de ontem aos DPs.
No 77º DP, no centro, a falta de refeições da secretaria não causou problemas, segundo a delegada Silvia Tibiriçá. "Fizemos uma coleta junto aos comerciantes da região e conseguimos alguns alimentos. Também ajudou o fato de ontem ser dia de visita", disse. Segundo Tibiriçá, o governo havia prometido a regularização do fornecimento até a noite de ontem.

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